“Lira se comprometeu em ajudar naquilo que for necessário de interesse do governo, evidentemente, tendo conhecimento prévio daquilo que vai ser debatido, discutido e aprovado”, disse Guimarães, a jornalistas, ao sair de uma reunião da bancada do PT na Câmara. Lula deve se reunir com Lira após chegar a Brasília, mas ainda não há um horário marcado.
Na última quinta-feira, 3, a equipe da transição, coordenada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, acertou com o relator-geral do Orçamento do ano que vem, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a negociação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para deixar promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, fora do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.
O texto foi apresentado hoje a Lula. Como mostrou o Broadcast, uma ala do PT pressiona para que a proposta já traga no texto um valor fechado do “waiver” ou “licença para gastar”. A intenção é, com isso, afastar o temor fiscal no mercado, de que a PEC seja um “cheque em branco” para aumentar os gastos. A decisão deve ser tomada pelo presidente eleito.
Aliados de Lula também pressionavam para que o governo eleito garantisse a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 via medida provisória (MP), com a abertura de créditos extraordinários, ao invés de negociar uma PEC com Lira. De acordo com Guimarães, contudo, a bancada do PT prefere uma emenda à Constituição. “Estamos aguardando o texto para ser entregue oficialmente ao presidente Lira e iniciarmos as tratativas para aprovação daquilo que é de interesse do governo”, afirmou o deputado. Ele argumentou que a PEC traz mais segurança política e jurídica, sem sobressaltos.
“Tem um novo governo. Foi eleito em cima desta plataforma. Todo mundo quer ajudar. Depois é outra coisa, de base, mas agora é fazer aquilo que o governo vitorioso nas urnas apresentou”, disse Guimarães, ao ser questionado sobre o apoio de Lira. O mais provável, de acordo com o deputado, é que a tramitação da PEC comece pelo Senado. Ele também rebateu críticas às negociações para deixar despesas fora do teto. “Não é novidade para ninguém, nem para o mercado, nem para o Brasil.”