Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, não fossem as manifestações e um feriado (Nossa Senhora Aparecida, no dia 12), a produção de outubro, que acabou ficando um pouco abaixo da de setembro, poderia ter sido recorde no ano. “Algumas fábricas não produziram na normalidade, e faltaram insumos e vendas”, afirmou o executivo.
Conforme números levados pela Anfavea para a coletiva à imprensa, os emplacamentos de veículos caíram para 9 mil unidades no último dia de outubro, bem menos do que os 17 mil do último dia útil de setembro.
Se descontados os dois dias da conta, comparou a Anfavea, outubro mostra ritmo diário de vendas levemente superior (alta de 2,3%) ao de setembro – e não a queda de 9,2 mil para 9 mil veículos por dia quando se considera os calendários cheios.
“Se mantivéssemos o ritmo normal de produção, teríamos batido o recorde do ano em outubro. Produção é difícil de recuperar porque tem o limite das horas trabalhadas, tem a limitação natural”, declarou Leite.
De acordo com o presidente da Anfavea, as entregas voltaram à normalidade com o arrefecimento das manifestações. A crise de fornecimento de componentes eletrônicos, causada pela escassez de semicondutores no mundo, ainda é o maior desafio da indústria, levando a paralisações de algumas horas em três fábricas no mês passado. Apesar disso, disse Leite, a avaliação é de que a situação se tornou “menos crítica e caótica” do que o quadro de meses atrás.
Com a indústria parando menos, os estoques nos pátios de montadoras e concessionárias subiu, em um mês, de 176,3 mil unidades para 188,9 mil veículos, o maior volume em 29 meses e o suficiente para 31 dias de venda. O presidente da Anfavea considerou que os estoques estão dentro da normalidade, e a tendência é que subam para o padrão em torno de 200 mil veículos.
Questionado sobre a perspectiva de avanço de demandas do setor no governo Lula, que toma posse em janeiro, Leite frisou que vê a mudança com normalidade, já que os órgãos técnicos com quem a entidade costuma interagir normalmente não são afetados. “A questão de governo, vemos com o otimismo de sempre”, afirmou o presidente da Anfavea.