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Avanço sobre teto da dívida dos EUA deve alivia Ibovespa; petróleo fica no radar

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Estadão Conteúdos

Sinais de progresso no Congresso americano para desfazer o impasse em torno do teto da dívida do país dão fôlego aos mercados de ações esta manhã, influenciando o Ibovespa. Ontem à noite, os democratas sinalizaram que aceitarão a proposta do republicano Mitch McConnell para elevar o teto da dívida do país até dezembro, o que afastaria a possibilidade de um “shutdown” do governo americano no curto prazo.

Porém, há volatilidade por aqui, em meio a um dia de agenda com poucas divulgações e eventos. Além disso, prosseguem preocupações dos investidores com a escalada inflacionária no momento de escassez de energia em várias partes do globo e de crescimento abaixo do esperado em algumas economias, caso do Brasil.

“O breve alívio externo favorece os ativos domésticos, ainda que o quadro siga volátil e afetado por incertezas internas’, afirma o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.

Neste ambiente, o Ibovespa tenta retomar os 111 mil pontos, em um contexto de menor atratividade para a renda variável. Às 11h07, subia 0,39%, aos 110.988,82 pontos, ante máxima diária a 111.192,80 pontos.

Pesa também sobre o mercado de renda variável local preocupações com o fiscal. Hoje, o relator da PEC dos Precatórios na Comissão Especial da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) apresentou seu parecer. Dentre os destaques, o texto permite o parcelamento de débitos dos municípios com vencimento até 9 de 2022 e prevê possibilidade de quitação de débitos em dívida ativa. O parecer da PEC dos precatórios abre um espaço de R$ 51 bilhões no teto de gastos em 2022, conforme estimativas da consultoria de orçamento da Câmara. O texto pode ser votado ainda hoje.

A dúvida, observa Alex Gonçalves, sócio e global trader da RPS Capital, é como será usada essa abertura do teto de gastos, que pode ser direcionada para abarcar programas como o vale-gás, benefícios do Bolsa Família e aumento de salários de servidores. “A dúvida é que muitos desses gastos adotados como temporários no Brasil acabam sendo permanentes, comprometendo mais a situação das contas públicas”, diz.

Se por um lado a queda do petróleo hoje no mercado internacional alivia temores relacionados à inflação, limitar alta do Ibovespa por meio das ações da Petrobras, que têm peso relevante na carteira. Os papéis cedem na faixa de 0,90%.

A commodity amplia perdas, um dia após aumento inesperado nos estoques americanos e ainda refletindo possíveis ações de Rússia e EUA para conter o encarecimento da matéria-prima. “Deve dar alívio por ora, mas ainda estamos em uma tendência de baixa do Ibovespa”, diz Antonio Marcos Samad Junior, sócio da Axia Investing.

Conforme Samad Junior, o comportamento do Ibovespa nos dois últimos dias reforça uma indecisão muito grande dos investidores, uma queda de braço, com o mercado sem saber para onde ir. “Ontem, no começo do dia, parecia que o Ibovespa ia perder a mínima do ano, dos 107.300 pontos, vista em março, na segunda onda da pandemia. Só à tarde melhorou com a possibilidade de aumento do teto da dívida dos EUA, o que pode contribuir para uma alta hoje”, estima.

Além disso, a alta das ações da Vale acima de 2,50% e de outras mineradoras e siderúrgicas segura a valorização do Ibovespa. O papel da Vale sobe apesar de Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar que a mineradora devolva todo dinheiro recebido desde 2015 pela hidrelétrica Risoleta Neves, na região de Mariana (MG), de sua propriedade.

Em meio a uma agenda fraca de indicadores, o destaque fica somente por conta dos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos, que caíram 38 mil na semana, a 326 mil, ante previsão de 345 mil. O dado anterior foi revisado de 362 mil a 364 mil.

Porém, a grande expectativa do mercado é pelo payroll, que sai amanhã. No mesmo dia, será informada a taxa de inflação brasileira relativa a setembro medida pelo IPCA.

O relatório oficial de emprego de setembro servirá de bússola para o Fed, que vem se preparando para começar a retirar estímulos monetários antes do fim do ano.