“A expectativa é impulsionar as vendas online. O novo CD foi projetado alinhado à nossa estratégia omnichannel (venda por diversos canais) e, por isso, já conta com a tecnologia mais atual para otimizar tanto o abastecimento das lojas quanto a entrega na casa dos clientes”, diz Fabio Faccio, presidente da Renner.
De acordo com o executivo, o novo CD suportará o crescimento da Renner até 2035. A Renner está investindo R$ 750 milhões do próprio bolso e mais R$ 520 milhões de um aporte da Kinea Investimentos, gestora de fundos do Itaú.
Segundo Pedro Pereira, diretor de suprimentos da Renner, operação de Cabreúva pode ser um dos motores de crescimento do marketplace da empresa, que ainda é tímida. Em projeto piloto, a varejista terminou o segundo trimestre com 50 vendedores, enquanto a Camicado tem cerca de 120 parceiros. Como comparação, a rival C&A possui 440 parceiros.
As vendas por canais digitais da Renner somaram R$ 414,5 milhões no segundo trimestre, crescimento de 66,5% em relação ao mesmo período de 2020.
Tecnologia
Do total investido no novo CD, R$ 453 milhões serão aportados em tecnologia. O principal deles será a aquisição de 312 robôs para cuidar do armazenamento de caixas e roupas. Segundo Pereira, isso vai permitir reconfigurações em processos em momentos de pico de venda, como a Black Friday.
Isso será fundamental, segundo os executivos, para criar um sistema eficiente para começar a receber itens de terceiros. Hoje, a Renner não auxilia a logística dos vendedores, ao contrário do que Mercado Livre e Magazine Luiza fazem há anos. Com o novo CD, a companhia quer em breve fornecer aos seus parceiros a possibilidade de realizar entregas em até dois dias – hoje, 60% das vendas da companhia são enviadas nesse prazo.
Esse movimento vai ao encontro do que esperam os analistas para companhia. Em abril, a Renner fez uma oferta de ações e arrecadou R$ 4 bilhões. Esperava-se que a varejista fizesse um movimento de aquisição de alguma rival no segmento digital. Entre as apostas do mercado estavam Dafiti, Westwing e Amaro. Até agora, nada aconteceu.
“Está faltando uma aquisição para mudar a empresa de patamar no digital. O mercado sempre gostou desse estilo mais cuidadoso da Renner, mas acredito que o comércio eletrônico pede mais dinamismo”, diz Angelica Marufuji, da sócia e analista Meraki Capital. Em 2021, os papéis da varejista, que foi uma das queridinhas do mercado até pouco tempo atrás, acumulam baixa de 20%. Em relação ao pré-pandemia, a queda quase dobra.
Para reverter esse quadro, a empresa quer se mostrar mais ágil. Uma das metas, segundo Pereira, é reduzir à metade o tempo necessário para abastecimento das lojas pelo País graças ao novo CD. Assim, a distribuição feita a partir de Santa Catarina ficará mais livre para, por exemplo, ajudar na ainda pequena expansão da rede varejista no Uruguai e na Argentina.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.