Ainda assim, o pós-feriado foi positivo para o Ibovespa apesar da cautela vista em boa parte da sessão em Nova York, com os investidores monitorando bem de perto sinais sobre a inflação e o ritmo de atividade global.
Em dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o que costuma acirrar a disputa entre comprados e vendidos, a referência da B3 mostrava ganho de 1,14% no fechamento, aos 113.455,92 pontos, tendo chegado na máxima, no meio da tarde, aos 114.158,88 pontos, saindo de abertura a 112.180,48, com mínima nesta quarta-feira a 111.807,17 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 66,0 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções.
Na semana e no mês, o Ibovespa mostra sinal positivo, com avanços respectivamente de 0,55% e 2,23%, limitando as perdas do ano a 4,67%. Mais uma vez, o índice mirou os 114 mil pontos, marca rompida no intradia na última sexta-feira pela primeira vez desde 27 de setembro e não alcançada em fechamento desde o último dia 23.
Ao final, os ganhos em Petrobras (ON +1,78%, PN +1,06%) e, em menor grau, na maior parte das ações de grandes bancos (Bradesco ON +0,51%, Itaú PN +0,12%) acabaram neutralizando o efeito da queda em Vale (ON -2,96%, segunda maior perda do dia na carteira Ibovespa, atrás de PetroRio -3,02%) e de parte do setor de siderurgia (Usiminas PNA -1,33%, quinta maior queda do dia; CSN ON -2,31%, terceira maior perda no Ibovespa desta quarta-feira). Na ponta oposta, destaque para a recuperação observada tanto em Banco Pan (+9,68%) como em Banco Inter (PN +8,71%, Unit +7,80%), à frente de Petz (+6,73%) e Pão de Açúcar (+6,72%).
As ações da Petrobras conseguiram operar na contramão do sinal emitido pelas cotações da commodity, em baixa moderada na sessão. Em relatório mensal divulgado nesta quarta, a Opep reduziu sua previsão de alta na demanda global em 2021, para 5,8 milhões de barris por dia. O corte na projeção foi justificado pela demanda abaixo do esperado nos primeiros nove meses deste ano.
“O Ibovespa bateu nos 114 mil pontos sem nada extraordinário que justificasse esse movimento, no cenário econômico, a não ser o histórico do mercado nos últimos meses, que apanhou muito com a perspectiva de elevação de juros e, aqui, também a incerteza sobre as contas públicas, o risco fiscal, que resultou em redução do fluxo estrangeiro e em toda essa volatilidade que a gente tem acompanhado”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
“Sem novidades ruins, há espaço para recuperação, especialmente para as empresas do setor varejista, que apanharam bastante, com sazonalidade de fim de ano que costuma favorecer o segmento”, acrescenta Abdelmalack, observando também que a ata do Fed não trouxe “nada além do que o mercado já vinha acompanhando”, como a possibilidade de o cronograma do ‘tapering’, como é conhecida a retira de estímulos monetários, ser iniciado em novembro.
No exterior, além do noticiário do petróleo, da ata do Fed e de novos dados sobre a inflação americana, os investidores monitoram o começo da temporada de balanços do terceiro trimestre, aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. “Como de costume, grandes bancos divulgando os seus números”, entre os quais o JP Morgan, nesta quarta, com “balanço acima do esperado”. “Do lado político, a Câmara aprovou medida para elevar o teto da dívida (americana) em US$ 480 bilhões. Essa aprovação traz certa tranquilidade, solvência para o país pelo menos até o dia 3 de dezembro”, acrescenta.
Em outro destaque positivo vindo do exterior, logo cedo, a balança comercial da China trouxe superávit acima do esperado em setembro, apesar dos recentes problemas que colocaram em questão o ritmo de retomada da atividade econômica por lá. “Há gargalos na produção, dificuldades também com mão de obra e fontes de energia na China, e com todos esses problemas não se esperava a recuperação da balança vista em setembro, com salto de 28,1% nas exportações sobre o ano anterior. A demanda global segue firme e forte”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.