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FGV/Icomex: com 3ª queda seguida, termos de troca perdem 8,4% desde julho

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Estadão Conteúdos

O comércio exterior do Brasil registrou em setembro o terceiro mês seguido de queda nos “termos de troca” (a relação entre os preços das importações e os das exportações), acumulando um recuo de 8,4% desde julho, conforme dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na média do ano até setembro, o Icomex ainda aponta alta de 19,5% nos termos de troca ante igual período de 2020.

A perda de fôlego no crescimento nos últimos meses foi puxada pela alta nos preços das importações, segundo a FGV. “Até julho, era clara a distinção na análise mensal da balança comercial: a liderança dos preços das commodities para explicar o bom desempenho das exportações e do volume para explicar o aumento no valor das importações. O comportamento das commodities continua a determinar a evolução das exportações, mas a tendência esboçada quanto às importações em agosto se firmou em setembro: aumento de preços próximo ao do volume. A pressão inflacionária mundial e a desvalorização do real explicam esse resultado”, diz o relatório do Icomex.

Conforme o Icomex, a alta de 51,9% nas importações em setembro ante igual mês de 2020 se deu com um avanço de 23,7% no volume e uma alta de 22,8% nos preços. No acumulado do ano até setembro, a alta de 36,4% nas importações, na comparação com os nove primeiros meses de 2020, se deu com salto de 24,8% no volume e um aumento de 9,3% nos preços.

A elevação de preços das importações tem sido sentida mais recentemente, por causa do acúmulo de pressões inflacionárias na economia mundial como um todo. No Brasil, os efeitos são sentidos mais fortemente na importação de insumos, com destaque para aqueles comprados pela agropecuária.

Segundo o Icomex, os preços de importação da agropecuária saltaram 85,9% em setembro ante igual mês de 2020, acima das variações de agosto (71,2%), julho (56,2%) e junho (44,6%). As variações vêm crescendo mês a mês ao longo do ano. Em janeiro houve queda de 1,8% e, em fevereiro, alta de 3,0%, sempre na comparação com igual período do ano anterior.

O avanço médio nos termos de troca no acumulado do ano ainda é garantido pelo salto nos preços das exportações, com destaque para as principais matérias-primas vendidas pelo País, como soja, minério de ferro e petróleo. No lado das exportações, a discrepância no ritmo de altas entre preços e volume é maior do que o registrado no lado das importações.

De acordo com o Icomex, a alta de 33,2% nas exportações em setembro ante igual mês de 2020 se deu com um avanço de 1,5% no volume e um salto de 31,7% nos preços. No acumulado do ano até setembro, a alta de 37,0% nas exportações, na comparação com os nove primeiros meses de 2020, se deu com um crescimento de 4,1% no volume e um salto de 30,6% nos preços.

Ainda no lado das exportações, as vendas de setembro registraram perda de participação da China como compradora dos produtos brasileiros, na comparação com um ano antes.

Isoladamente em setembro, o gigante asiático ficou com 29,5% de tudo o que o Brasil vendeu ao exterior, ante 33,3% em igual mês de 2020. O espaço foi ocupado pelos Estados Unidos, com 12,7% nas vendas feitas em setembro, ante 9,6% em igual mês do ano passado. No acumulado do ano ate setembro, a perda de participação da China é pequena, ficando em 33,6% do total das exportações brasileiras, ante 34,3% nos nove primeiros meses de 2020.

Segundo o relatório do Icomex, o recuo da participação da China nas exportações brasileiras é “em parte explicado pelo fim do embarque de soja”, já que o grão, colhido nos primeiros meses do ano, tende a ser embarcado no máximo até meados de cada ano; pelas “restrições às exportações de carne brasileira”, causadas pelo registro, no País, de dois casos atípicos do “mal da vaca louco”; e pela “desaceleração na demanda por minério de ferro”.