Desde ontem há um movimento generalizado de instituições financeiras revisando suas projeções para a taxa de juros. Se antes o consenso era de que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC, na semana que vem, haveria uma alta de 1 ponto porcentual na Selic (para 7,25% ao ano), a aposta agora é de alta de 1,25 a 1,5 ponto.
Para o ano que vem, algumas instituições já estimam os juros na casa dos 10% (o Credit Suisse, por exemplo, fala em 10,5%; a XP fala em 11%), para conter a inflação. E juro maior significa uma trava no crescimento econômico – que já tinha previsões pífias, em torno de 1%, para 2022.
Toda essa turbulência foi provocada pelo ataque ao teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior. Era o que “atrapalhava” os planos do presidente Jair Bolsonaro de dobrar o valor do Auxílio Brasil no ano que vem, arma considerada fundamental na sua tentativa de reeleição. Para resolver o impasse, o caminho encontrado pelo governo para conseguir recursos foi mudar a regra e furar o teto, em vez de cortar despesas com subsídios ou emendas parlamentares, por exemplo.
Fez um acordo no Congresso para modificar a forma como o teto é calculado. E, com isso, abrir um espaço de R$ 83,6 bilhões no Orçamento. Para economistas e analistas, esse movimento, se aprovado, enterra a última barreira que existia em relação aos gastos desenfreados do governo, principalmente levando-se em conta que 2022 é ano eleitoral.
A reação foi forte. Na semana, a Bolsa caiu 7,28%, o pior desempenho desde março do ano passado. Ontem, o Ibovespa fechou aos 106,2 mil pontos, queda de 1,34%. O dólar, por sua vez, subiu 3,12% na semana e fechou em R$ 5,6273. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.