O movimento dos três profissionais atende a um mercado que não para de crescer, sobretudo após a pandemia. Com a transformação digital acelerada dentro das empresas, algumas funções ganharam mais importância e outras foram criadas. A maioria está ligada, de alguma forma, à tecnologia, seja na análise de dados, no desenvolvimento de programas, no marketing digital ou nas vendas online.
“Essas profissões trazem um viés tecnológico grande e estão ligadas à transformação digital”, diz Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half Brasil, que acaba de lançar o Guia Salarial 2021 e traz as carreiras do futuro em vários setores. Muitas delas envolvem a produção, a coleta e a análise de dados em diferentes esferas. São profissões que exigem do candidato um alto nível de interpretação e análise de dados para aplicação no dia a dia das empresas.
A lista da Robert Half inclui funções pouco conhecidas pela população, mas em alta no mercado, como o líder de “live streaming”, que coordena transmissões ao vivo; o “pentester”, responsável pela segurança de dados; e o “people analytics”, que faz a coleta e a análise de dados para gestão de pessoas; além dos desenvolvedores de programas – profissionais que hoje valem “ouro”. O lado negativo é que já há desequilíbrio entre oferta e demanda por esses profissionais.
MERCADO DISPUTA PROFISSIONAIS
Enquanto algumas profissões estão desaparecendo, as carreiras do futuro são disputadas por empresas nacionais e internacionais. A escassez de mão de obra ligada à tecnologia é um problema que aflige não só o Brasil como todo o mundo. Exemplo disso é que tem sido uma tendência as multinacionais buscarem profissionais de tecnologia no Brasil. Tudo isso ajuda a elevar o salário desses trabalhadores.
Nas profissões mais recentes, a oferta de mão de obra é ainda mais restrita e, em alguns casos, o nível de qualificação abaixo dos requisitos das empresas, diz Leonardo Berto, gerente da operação da Robert Half. “A agenda de decisões baseada em dados, no nível de hoje, é relativamente nova no País”, completa ele, explicando a escassez de mão de obra.
Além disso, as faculdades não estão preparadas para formar esses profissionais do futuro. Muitas vezes o conhecimento é adquirido em cursos de curto e médio prazos ou quando as empresas praticamente “adotam” o profissional para formá-lo. “Cada vez mais, há uma desconexão com a graduação tradicional. Currículo e formação não vão vir mais em primeiro lugar numa contratação”, afirma Diogo Forghieri, diretor da empresa de recursos humanos Randstad do Brasil.
Essa tendência tem incentivado os profissionais a se reposicionar, como foi o caso de Thabata Dornelas. Ela fez Direito, influenciada pela família, mas durante o curso já entendeu que não era exatamente naquilo que gostaria de trabalhar. Apesar disso, concluiu a faculdade e entregou o diploma para a mãe.
Foi numa startup que descobriu o gosto pela tecnologia. Durante algum tempo, transitou por várias áreas até começar a notar o trabalho de um colega desenvolvedor. “Fiquei muito interessada no trabalho dele e resolvi fazer um curso de um ano, bem puxado. Com oito meses, consegui um emprego na área”, diz ela, que mora em Belo Horizonte e trabalha em home office.
Para Wagner Delbaje, a mudança representou a recolocação no mercado de trabalho. Piloto comercial e instrutor de voos, ele ficou praticamente sem emprego durante a pandemia. Mas a notícia de que a agência reguladora havia autorizado testes para delivery por drones o fez se movimentar. Procurou uma empresa de drones, apresentou-se e conseguiu um emprego. “Trouxe a experiência da aviação tripulada para a aviação não tripulada”, disse ele, que se mudou de Piracicaba para Franca para seguir essa nova profissão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.