O giro financeiro ficou em R$ 32,2 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa avança apenas 0,06%, ainda cedendo 4,16% no mês – em 2021, a perda acumulada está em 10,63%.
“A expectativa maior é para o Copom, obviamente, e é fundamental que o BC traga de volta uma ancoragem nas expectativas, com o mercado muito pessimista com relação à inflação. Deve dar um choque um pouco maior, de no mínimo 1,5 ponto (na Selic), onde estão concentradas as apostas (para esta reunião), mas há casas, talvez de forma exagerada, precificando até mais de 2 (pontos porcentuais de alta, nesta quarta). Deve ficar entre 1,5 e 2”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
“Em um primeiro momento, o Copom pode até trazer algum alívio, se o mercado entender que o Banco Central está sendo bastante diligente com a questão inflacionária, e não com a atividade – que, de fato, não é parte do seu mandato. E com juros subindo, o câmbio deve se valorizar, atraindo fluxo estrangeiro”, conclui Marcatti, ressalvando as dificuldades para a “economia real” em ciclo de elevação de juros, que afeta também a atratividade da renda variável quando contraposta à fixa. Ainda assim, o impacto pode vir a ser neutro, “quiçá positivo”, considerando os prós e contras de um avanço mais forte da Selic.
Neste contexto ambivalente, de aspectos positivos e negativos para a renda variável, a Pesquisa XP de Sentimento, realizada pela corretora com assessores de investimentos e escritórios autônomos filiados, constatou uma piora das perspectivas para a Bolsa. Entre setembro e outubro, a média dos palpites para o Ibovespa no fim de 2021 caiu 5,4%, de 126.319 pontos para 119.533 pontos.
Entre as 570 respostas únicas obtidas pela XP Investimentos entre os dias 20 e 25 de outubro, 41% avaliaram que o Ibovespa deve ficar entre 120 mil e 130 mil pontos no fim do ano, a previsão mais citada. Em seguida, apareceram as apostas em um nível entre 110 mil e 120 mil pontos (37%); abaixo de 110 mil pontos (13%); entre 130 mil e 140 mil pontos (7%) e acima de 140 mil pontos (3%).
“Hoje houve balanços positivos, como o da Gerdau (PN -2,50% no fechamento), com forte distribuição de dividendos. Enquanto os resultados das empresas mostram uma realidade diferente, a preocupação com o macro, com a política de forma geral, continua a preocupar, trazendo volatilidade”, diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.
“Aumento de juros maior, como o que está se projetando agora para o Copom, impacta a renda variável, com migração para a renda fixa, especialmente entre os institucionais, mais propensos a isso. É natural um rebalanceamento, na medida em que a renda fixa impacta também a modelagem de valuation das empresas”, acrescenta Brito.
“Os ativos em geral já estão bem precificados porque a gente já vem num cenário de quatro meses de muita volatilidade, de muita incerteza em relação ao fiscal, de piora também na dinâmica geral dos mercados globais. E de antecipação da corrida eleitoral, com um discurso já mais populista, o que coloca a Bolsa aqui em posição mais desvalorizada em relação a outros emergentes, assim como nosso câmbio”, observa Marcatti, da Veedha Investimentos.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para Cogna (+5,58%), Eztec (+4,99%), Multiplan (+4,57%), Raia Drogasil (+4,17%) e Iguatemi (+4,05%). Na face oposta, PetroRio (-6,63%), Méliuz (-4,55%) e Getnet (-4,41%).