A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,83%, de 12,85% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou na mínima de 11,68%, de 11,70% na quinta. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,52% (mínima) de 11,55% na quinta-feira.
Durante o dia, apesar da queda generalizada do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, e do apetite ao risco visto nas ações, a curva local resistiu à melhora externa calcada na expectativa de que o Federal Reserve possa desacelerar o ritmo de aperto monetário na última reunião do ano. Segundo o Wall Street Journal, dirigentes estão se inclinando deliberadamente à outra alta de 75 pontos-base nos juros, em sua reunião de 1º e 2 de novembro, e devem debater se e como sinalizam planos para aprovar uma alta menor em dezembro. Mas nos DIs a cautela com a área fiscal e com o cenário complexo no exterior estariam inibindo a montagem de posições mais consistentes, acentuada na reta final das eleições e às vésperas da decisão do Copom.
Por volta das 16 horas, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em 2023, disse prever desaceleração “significativa” da inflação nos Estados Unidos em 2023 e juros pouco acima de 4,5% no início do próximo ano. Afirmou ainda que “nossas projeções não apontam para recessão econômica”. Foi a senha para o dólar renovar mínimas abaixo de R$ 5,15 e o Ibovespa avançar aos 120 mil pontos nas máximas. Houve um respingo no mercado de juros, mas essencialmente este é o ativo que tem resistido mais ao impacto da melhora das intenções de voto do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas recentes pesquisas eleitorais.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que o DI de curto prazo tende a ficar travado pela expectativa de Selic estável nos próximos meses, enquanto a sensibilidade dos demais trechos está mais sobre os cenários fiscal e externo. “Os vencimentos a partir de 2024 olham para o risco fiscal e também são mais suscetíveis aos juros lá fora”, afirma.
Nesse sentido, o alívio nos retornos dos Treasuries nesta sexta pode ter sido apenas um respiro e não uma tendência, diante da conjuntura repleta de incertezas. Na Europa, as perspectivas são sombrias, com crise energética no continente e política no Reino Unido, além da persistência da guerra na Ucrânia.
A próxima semana é de reta final das eleições, mas também de decisão do Copom. Há consenso em torno da Selic estável em 13,75% e o mercado vai buscar no comunicado sinais sobre o plano de voo do Banco Central. De maneira geral, a expectativa é de que seja mantido também o alerta sobre o risco de retomada da alta.