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Apesar de queda nas vendas, vinho mantém status alcançado na pandemia

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Estadão Conteúdos

À primeira vista, o resultado do mercado de vinhos no primeiro semestre pode parecer uma decepção: de janeiro a junho, foram vendidos pouco mais de 200 milhões de litros da bebida, o que representa uma queda de 4% na comparação com igual período do ano passado. Porém, no confronto com 2019, a alta ainda é de 28%. De qualquer forma, a retração fez parte do mercado questionar se o “boom” que o vinho teve na pandemia ficou para trás.

“Estávamos em um patamar muito alto. O mercado virou o ano estocado e os problemas econômicos brasileiros agravaram isso”, afirma Felipe Galtaroça, presidente da Ideal Consulting, especializada em dados do setor de bebidas.

Além disso, houve um reajuste no preço dos importados, que ficaram cerca de 20% mais caros.

Mas quem entende do assunto afirma que dificilmente o País voltará para os patamares pré-pandemia.

O vinho se caracterizou como a bebida da quarentena, mas parece ter vindo para ficar. Tanto foi assim que, em 2020, o vinho chegou à marca de 2 litros de consumo anual por habitante – marca baixa para os grandes consumidores, mas recorde por aqui -, e não desceu desse patamar.

Para Adilson Carvalhal Jr., diretor da importadora Casa Flora e presidente da BFBA, associação que reúne 150 empresas importadoras de vinho, a bebida se consolidou. “Esta queda é um ajuste, dado que o setor cresceu bastante na pandemia e entrou estocado em 2022.”

Presidente do grupo La Pastina, que também inclui a World Wine, Denilson Moraes também afirma que o vinho não vai voltar ao patamar de 2019. Os supermercados, porém, sentiram mais o baque. “O consumidor precisou reduzir a sua cesta básica diária, e o vinho, claro, não está nesta cesta. Mas o consumo do vinho caro não cai”, afirma Carlos Cabral, responsável pela seleção dos vinhos no grupo Pão de Açúcar (GPA).

No entanto, as vendas da Casa Flora cresceram 5% neste semestre. “Vendemos mais, mas não necessariamente importamos mais”, afirma Carvalhal Júnior.

De acordo com João Roquette, sócio da importadora Qualimpor, a empresa não está encontrando dificuldade entre rótulos mais caros. “Crescemos 10% neste primeiro semestre”, afirma.

Moraes, da La Pastina, diz que o grupo se manteve no azul no primeiro semestre, com alta de 8% nas vendas. “Aproveitamos os dois anos da pandemia para trazer 300 novos rótulos para o nosso portfólio. Isso ajuda a crescer”, explica.

Novos Clientes

Uma prova de que o mercado não está em uma queda sustentada, segundo German Garfinkel, da Wine, é o fato de o número de consumidores de vinhos estar em alta. Nos últimos dois anos, o Brasil ganhou 12 milhões de novos apreciadores de vinhos, para um total de 51 milhões. Os dados são da consultoria britânica Wine Intelligence.

Por ser uma empresa de capital aberto, a Wine ainda não pode divulgar os dados do primeiro semestre, mas seu principal executivo diz que houve crescimento.

Nos primeiros três meses, a receita líquida da empresa, que chegou à liderança do mercado em 2021 ao comprar a importadora Cantu, cresceu 40,4%. Já o clube de vinhos da Wine chegou a 336 mil assinantes em maio de 2022 – no início do pandemia, eram 122 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.