A pesquisa mostra que, na opinião de 56% dos 241 empresários e executivos de empresas associadas da Abdib que responderam ao questionário (foram 170 no levantamento anterior), o resultado das eleições pode ter uma influência significativa no rumo da agenda de concessões. Na pesquisa divulgada em outubro de 2021, o resultado para essa questão foi de 52,7%. O levantamento, que mede as expectativas para os seis meses seguintes à coleta dos dados, foi finalizado na última semana de março.
“Mais do que avaliar a pressão da infraestrutura brasileira, o Barômetro é uma ferramenta importante para orientar a tomada de decisão pelas empresas da área”, diz o presidente-executivo da Abdib, Venilton Tadini. “Os números mostram um cenário positivo e resiliente em relação à percepção do mercado sobre o potencial da infraestrutura no Brasil, o que é um fato a ser comemorado em um ano com tantos desafios como 2022”, comenta o diretor executivo para o Setor Público e Infraestrutura da EY Brasil, Gustavo Gusmão.
Em relação ao efeito econômico da guerra entre a Rússia e a Ucrânia sobre os negócios brasileiros de infraestrutura, 56,8% consideram que o impacto será alto – sendo que, nesse universo, 26,1% esperam que as repercussões tenham alta duração e 30,7% imaginam que elas terão curta duração. Colhidos ao longo do mês de março, os dados não levaram em conta os possíveis efeitos sobre os negócios brasileiros de infraestrutura do recrudescimento da pandemia da covid-19 na China.
Investimentos
Após apresentar estabilidade nos resultados dos últimos dois períodos, o primeiro semestre de 2022 expõe a percepção de um cenário desfavorável para promoção de investimentos nos próximos seis meses.
O porcentual de entrevistados que consideram o cenário para investimentos favorável (36,1% agora, ante 36,5% antes) permaneceu praticamente inalterado. O destaque é para uma variação significativa entre aqueles que anteriormente apresentaram um posicionamento neutro (24,9% agora, ante 31,1% antes) e passaram a considerar o cenário de investimentos para os próximos seis meses desfavorável (38,2% agora, ante 32,4% antes).
Entre os setores da infraestrutura que, segundo os entrevistados, deverão receber mais investimentos no período, o de Saneamento mantém a liderança que já tinha nos números divulgados em outubro – embora um porcentual menor de entrevistados tenha apostado em seu crescimento. Em outubro do ano passado, 67,1% acreditavam que o setor receberia investimentos expressivos. Agora, 60,2% têm a mesma percepção.
Também não houve alterações na segunda e na terceira posições – embora em ambos os casos também tenha caído o número de respostas favoráveis. No caso da Energia Elétrica, a queda foi de 63,5% para 58,1%. Já em ferrovias, que apresentava um índice de 41,9%, o número dos que apostam em investimentos no setor agora foi de 34,4%. O aumento da percepção dos investimentos em petróleo – que não aparecia entre os destaques de outubro passado e agora surge na sexta posição, com 22,8% – pode ser atribuído aos efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
“Mesmo com a expectativa favorável em alguns pontos, ainda temos um longo caminho a ser percorrido para posicionar o Brasil no mesmo patamar de outros países onde a temática da infraestrutura encontra-se mais avançada”, aponta Gusmão.
Segurança Jurídica
A pesquisa aponta ainda uma melhora mais significativa no indicador que mede a percepção de segurança jurídica nos contratos de concessões e PPPs. A soma dos que responderam que a segurança jurídica era regular, boa ou ótima alcançou 73% no levantamento anterior. Na pesquisa atual, o conjunto de respostas ao mesmo quesito foi de 77,6%.
Trabalho
Mais uma vez o cenário para novas contratações no mercado apresenta uma percepção positiva frente às pesquisas anteriores. Na visão dos agentes da infraestrutura, houve um crescimento naqueles que identificam uma situação favorável para novas contratações tanto nos mercados onde atuam quanto nas empresas onde trabalham.
Na atual pesquisa, os entrevistados indicaram cenário entre favorável (46,1% ante 44,9% no segundo semestre de 2021) e neutro (34,4% ante 38,3% no segundo semestre de 2021) para novas contratações nos mercados onde atuam.
Conteúdo ESG
O trabalho da Abdib e da EY deste semestre chama atenção para o crescimento da importância dos critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) na tomada de decisões sobre investimentos nos próximos anos. Foi destacada a parceria bilateral entre o Brasil e o Reino Unido, por meio do Brazil Green Finance Programme (BGFP), que trabalham em cooperação com instituições financeiras e bancos de fomento para estimular investimentos em infraestrutura alinhados com os critérios ESG.
Estudos recentes desenvolvidos pelo BGFP apontam para um potencial de investimentos na casa de R$ 3,6 trilhões em infraestrutura sustentável no Brasil até 2040. “A expectativa é de que, nos próximos anos, os critérios ASG deverão nortear todos os investimentos em infraestrutura no Brasil”, diz Tadini.