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BC vê projeção do mercado para o PIB no ano chegar próximo de 2%

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Estadão Conteúdos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou em reunião no Palácio do Planalto que os analistas do mercado financeiro caminham para rever suas previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano para um patamar em torno de 2%. O “termômetro” do PIB repassado ao presidente Jair Bolsonaro foi captado pelo BC em reuniões que o comando do banco tem com representantes do mercado financeiro.

A conversa ocorreu, na semana passada, nos bastidores da cerimônia em que Bolsonaro anunciou novas medidas do programa Crédito Brasil Empreendedor, segundo apurou o Estadão com fontes que participaram da reunião.

A projeção do Ministério da Economia utilizada no Orçamento é de alta de 1,5% do PIB neste ano. Já a projeção do BC permanece em 1%, mas deve subir no próximo relatório de inflação (documento que o BC divulga a cada três meses com o balanço de riscos para a inflação e previsões de indicadores econômicos).

Os auxiliares do presidente estão preocupados com o impacto da inflação e dos juros mais altos no crescimento no segundo semestre deste ano, na reta final das eleições. Como admitem ministros políticos do presidente, a economia e os preços elevados, sobretudo dos combustíveis, ameaçam a reeleição.

Na defesa de um cenário mais favorável, a área econômica tem reforçado os efeitos dos investimentos privados em concessões de infraestrutura já contratados e também do aumento do emprego. Na visão da área econômica, essa melhora do PIB reforçaria a avaliação de que os governadores também vão sentir o efeito do crescimento maior na arrecadação e que podem lidar com a redução de tributos sobre os combustíveis.

Depois de estimar até mesmo recessão em 2022, o mercado começou a rever para cima as previsões para o PIB. Algumas instituições estão com previsões acima da estimativa de 1,5%. Entre elas, a XP, que dobrou sua projeção de 0,8% para 1,6%. A LCA Consultores também subiu sua estimativa, de 0,7% para 1,6%.

Apesar dessa melhora nas projeções, economistas do mercado apontam incertezas para o segundo semestre do ano, com o efeito da política monetária mais restritiva, que o governo tentou combater com medidas de estímulo ao crédito, entre outras.

Trimestre deve ter alta de 1%, mas desaceleração é esperada

O desempenho sólido em indicadores de atividade econômica sugere um crescimento expressivo do PIB no primeiro trimestre, conforme economistas consultados pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Entre 45 instituições, 33 esperam alta do PIB maior ou igual a 1% no período.

No primeiro trimestre, o volume de serviços cresceu 1,8%, e as vendas do varejo ampliado subiram 2,3%, na margem, segundo o IBGE. Já a produção industrial teve alta de 0,3%, após quatro quedas seguidas.

“Fomos surpreendidos pelo bom desempenho dos serviços neste início de ano”, resume o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, que prevê expansão de 1,2% do PIB na margem no primeiro trimestre, a mediana da pesquisa.

O economista espera um PIB ainda positivo no segundo trimestre, com alta de 0,3%, devido ao impulso de medidas como a antecipação do 13.º salário de aposentados e pensionistas e a autorização de saques emergenciais do FGTS. Mas, no segundo semestre, com os impactos da política monetária, a tendência é de queda da atividade.

A XP Investimentos espera crescimento de 1,4% no PIB do primeiro trimestre, puxado por um avanço de 1,2% em serviços. Segundo o economista Rodolfo Margato, a expansão do setor está atrelada a atividades sensíveis à reabertura econômica, com foco em transporte, armazenagem e correio, outros serviços e comércio, para os quais projeta altas de 3,3%, 2,9% e 2,4%, respectivamente.

“Tivemos uma flexibilização adicional das restrições de mobilidade, como a não obrigatoriedade da máscara em locais de lazer e a volta de grandes eventos sociais e corporativos”, explica Margato, que estima um crescimento de 0,2% da indústria e uma queda de 0,5% da agropecuária. Sob a ótica da demanda, o economista destaca o consumo das famílias, cujo crescimento estima em 1,5%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.