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BCE: Guindos defende equilíbrio entre segurança energética e preços

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Estadão Conteúdos

Vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos afirmou nesta sexta-feira que a zona do euro deve almejar um equilíbrio entre a segurança energética e a estabilidade de preços. Durante evento em Madri, Espanha, ele destacou o fato de que os preços de energia têm sido o principal impulso para a inflação da região, que perde fôlego econômico, mas renovou o compromisso com mais elevações de juros para conter o quadro inflacionário.

Guindos disse que o crescimento na zona do euro deve ter desacelerado “de modo significativo” no terceiro trimestre, com alta de apenas 0,2%. A inflação elevada continua a pesar nos gastos e na produção. Além disso, grandes problemas na oferta de gás têm piorado mais a situação, enquanto a confiança de consumidores e empresas cai rápido. A fraqueza prolongada na demanda global, também em um contexto de política monetária mais estrita em muitas das principais economias, piora os termos de comércio e há menos apoio para a economia da zona do euro, listou.

Segundo o vice do BCE, a inflação continua a subir na zona do euro, puxada por mais altas em todos seus principais componentes. Gargalos na oferta têm diminuído, mas seu impacto ainda gradualmente se reflete nos preços ao consumidor, que também enfrenta efeitos da desvalorização do euro, avaliou.

Guindos lembrou que o BCE elevou os juros na semana passada e disse que “esperamos elevar os juros mais”. Os preços de energia têm puxado a inflação, com problemas como o corte do gás da Rússia. Ele mencionou também que houve queda forte recente nos preços de gás à vista na Europa nas últimas semanas, mas a queda nos preços futuros do gás tem seguido muito mais contida do que a vista nos preços da vista, o que “sugere que a situação da oferta é ainda frágil”.

Olhando à frente, Guindos acredita que gargalos na oferta de energia devem diminuir mais, porém aponta que o choque de energia deve pesar cada vez mais na atividade e na inflação. O aumento nos preços de energia deve pressionar a renda real disponível e prejudicar a produção. Ao mesmo tempo, pode haver repasse de altas anteriores nos preços no atacado de energia aos consumidores, o que, junto com eventos geopolíticos recentes, aponta para “continuadas pressões sobre o componente de energia da inflação”.

De acordo com Guindos, apesar dos desafios atuais da política monetária, o BCE está “seriamente comprometido” a fazer a sua parte para lidar com as mudanças climáticas e promover uma transição verde, enquanto faz o necessário para cumprir sua meta de estabilidade de preços. Ele também lembrou a meta do banco central de gradualmente “descarbonizar os bônus corporativos que mantemos”, em trajetória alinhada com as metas do Acordo de Paris.

Guindos disse que, para se contrapor à forte alta nos preços de energia, muitos governos adotaram medidas de apoio “caras e de base disseminada”. Isso, porém, pode afetar o impulso a investimentos verdes, notou. Em vez disso, ele defendeu apoios temporários e direcionados para as famílias e empresas mais vulneráveis, ajudando também a limitar riscos à sustentabilidade fiscal.