Técnicos de diferentes áreas do Executivo estavam com receio de futuros questionamentos e vinham evitando assinar pareceres, estudos e outros documentos relacionados ao tema.
A lei eleitoral impede, em situação normal, a ampliação ou adoção de benesses em ano de eleição, mas há exceção em caso de calamidade e emergência.
Em entrevista nesta quarta-feira, 29, após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Bezerra disse que o estado de emergência terá como justificativa a elevação “extraordinária e imprevisível” dos preços do petróleo e dos combustíveis e seus impactos sociais.
O relator afirmou também que os efeitos do estado de emergência ficarão circunscritos às medidas contidas na PEC dos Combustíveis.
“Não é um cheque em branco”, declarou Bezerra.
Auxílio Brasil
Bezerra confirmou ainda nesta quarta-feira que a intenção do Congresso e do governo é zerar a fila de espera do Auxílio Brasil, estimada em 1,6 milhão de famílias, na PEC dos Combustíveis, que também prevê um aumento do valor do programa social que substituiu o Bolsa Família de R$ 400 para R$ 600 até o final do ano.
Na entrevista coletiva após reunião Pacheco, Bezerra apresentou o relatório final da proposta. Com a inclusão da medida para zerar a fila do Auxílio Brasil, o custo estimado com o programa social na PEC subiu de R$ 21,6 bilhões para R$ 26 bilhões.
A menos de 100 dias das eleições, o Congresso e o Planalto agiram para ampliar ainda mais o “pacote do desespero”, como foi apelidado nos bastidores por técnicos as medidas que estão sendo adotadas para fazer frente à alta dos preços dos combustíveis.
A ideia inicial era que a PEC previsse compensação de receitas a Estados que decidissem zerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre diesel e gás de cozinha. No entanto, o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), anunciou na última quinta-feira, 23, que os recursos previstos para a compensação aos Estados seriam usados, em vez disso, para conceder os benefícios sociais.
Vale-gás
O Congresso voltou atrás na ideia de conceder mensalmente o vale-gás a famílias de baixa renda na PEC dos Combustíveis. De acordo Bezerra, o parecer final prevê o subsídio para um botijão a cada dois meses.
O custo dessa medida, que deve atender 5,86 milhões de famílias, será de R$ 1,05 bilhão fora do teto de gastos. Hoje, o vale-gás subsidia apenas metade do valor do botijão a cada bimestre.
Na terça, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que a intenção era transformar o benefício em mensal.
Subsídio para gratuidade a idosos no transporte metropolitano
Bezerra confirmou também que a PEC dos Combustíveis vai incluir um subsídio para garantir gratuidade a passageiros idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos, como antecipou o Broadcast Político.
Essa medida, que valeria até o fim do ano, deve ter um custo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões fora do teto de gastos – regra que limita o crescimento das despesas do governo.
A gratuidade a idosos no transporte coletivo é lei, mas prefeitos reivindicam ajuda financeira do governo federal para garantir o benefício em meio à alta no preço dos combustíveis.