A posição de força de Abdalla, já antiga na ex-estatal, foi mantida sem que o bilionário precisasse colocar a mão no bolso para novo investimento. Seus 3% do negócio valem hoje mais de R$ 3 bilhões. “Ele achou que não era necessário um novo investimento”, disse uma fonte. Na assembleia de acionistas da elétrica, marcada para sexta-feira, Abdalla deve ganhar ainda mais poder.
Isso porque o indicado de Abdalla é o advogado especializado em direito societário Daniel Ferreira, que já é conselheiro. Mas o investidor uniu forças com o também bilionário Lirio Parisotto e com a gestora Navi Capital para indicar o advogado Marcelo Gasparino como candidato. Gasparino já representa Abdalla em outros conselhos, como o da Petrobras.
Esse será o novo conselho de administração, formado por indicações dos principais acionistas pós-privatização, que indicará o retorno de Wilson Ferreira Jr. para o cargo de presidente executivo da empresa.
Banco ‘solo’
Abdalla é o único dono do Banco Clássico, instituição financeira com R$ 2,8 bilhões de patrimônio líquido e ativos de R$ 14,5 bilhões, conforme o Banco Central. O banco também tem um único cliente: o próprio Abdalla. A sede do Banco Clássico fica em um edifício antigo, no centro do Rio.
O advogado de Juca Abdalla, Leonardo Antonelli, afirmou ao Estadão que o conselho de administração é sempre o foco do bilionário. “O senhor Abdalla tem um mantra que ele repete: ‘É o dono no conselho de administração’. Coerente com esta orientação, ele avalia e indica colaboradores para integrar as mais diversas administrações”, disse.
Na carteira de investimento, aparece uma preferência pelas empresas do setor energético e estatais, em geral boas pagadoras de dividendos. Engie, Cemig e Kepler Weber são algumas das ações selecionadas.
Vida pessoal
Solteiro, Abdalla mora em Ipanema, no Rio. Apesar da fortuna, seu apartamento não é à beira-mar. Vive distante dos luxos tradicionais proporcionados pelo dinheiro. Dirige um Suzuki Jimny (jipe que custa hoje a partir de R$ 137 mil), carro que substituiu seu Up!, da Volkswagen.
Entre banqueiros e empresários, todos já ouviram falar do empresário, mas poucos o viram pessoalmente. Mesmo entre os conselheiros da Petrobras, com os quais passou a interagir, a leitura é de que ainda é difícil de opinar, já que só foram três reuniões do grupo desde sua eleição.
Juca Abdalla é apontado como o detentor da 15.ª maior fortuna do País, estimada em R$ 13 bilhões, à frente de nomes conhecidos como Abílio Diniz e Rubens Ometto. Sua fortuna teve origem com a herança vinda do pai, JJ (de João José) Abdalla, morto em 1988, que também atuou na política. A herança deixada pelo pai deu um salto nas mãos de Juca.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.