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‘Brasil vai crescer mais do que o mercado espera’

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Estadão Conteúdos

Chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia desde fevereiro, após passar pela Secretaria de Política Econômica (SPE), o economista Adolfo Sachsida está com Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018. Ele diz que, se o presidente for reeleito, a agenda seguirá a mesma: consolidação fiscal e reformas pró-mercado para o aumento da produtividade, e que é preciso insistir em políticas como a de privatizações.

Aos críticos, responde que o Brasil vai crescer mais do que o mercado está esperando em 2022.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O governo aposta nos investimentos privados que foram contratados para impulsionar o PIB nos próximos anos. Vai funcionar?

Fizemos alterações na política econômica para os investimentos privados. A primeira é a mudança na regra de concessões. Hoje, ganha quem promete o melhor investimento e o papel da outorga fica em segundo plano. Nós já temos R$ 1,33 trilhão de investimentos contratados, e R$ 356 bilhões até 2025. Para 2022, são R$ 78,1 bilhões, quase 1% do PIB. Além disso, há R$ 130 bilhões de outorga que recebemos. A segunda mudança está relacionada ao crédito. Em dezembro de 2015, 51% do crédito eram livres. Hoje, são 60%.

E qual a vantagem disso?

Há a ampliação das possibilidades, financiando investimentos produtivos, e não os que o governo escolhe. Outra mudança foi a desestatização do crédito. Em dezembro de 2015, os bancos privados participavam de 44% do crédito; hoje, de 57%. O investimento privado é financiado por crédito livre via bancos privados. No passado, era via bancos públicos.

Do ponto de vista macro, o que isso representa?

Criamos 14 instrumentos financeiros. É uma revolução em crédito, capitais e garantia. Quando chegamos, havia a discussão se o Brasil cresceria muito ou não, tendo em vista as quedas do PIB. A literatura mostra que, a depender do tipo de choque, as economias perdem de forma permanente 5% do PIB per capita, e isso é relacionado às garantias.

O que vem pela frente na agenda econômica?

O que fazemos é trabalhar para melhorar o desenho dos instrumentos financeiros. Por exemplo, a CPR (Cédula de Produtor Rural) digital fez uso de uma mudança importante que foi o GovBR. Chamo atenção para a Letra de Risco de Seguro (LRS). Esse instrumento é muito famoso no exterior. Vai irrigar o mercado de seguro ao mercado de capitais e pulverizar o risco. Uma agenda que estamos trabalhando é o mercado de seguros, que, com a aprovação da Instituição Gestora de Garantias (IGGs), vai ter um boom.

O que se pode esperar se o presidente for reeleito?

A mesma agenda: consolidação fiscal e reformas pró-mercado para o aumento da produtividade. O mercado pode ter certeza absoluta; nós vamos continuar na agenda que colocou todo o país do mundo ocidental no caminho da prosperidade, consolidar o lado fiscal.

O que é consolidar o lado fiscal?

É o respeito ao teto de gastos, continuar reduzindo a relação gasto do governo e PIB, evoluir para uma trajetória de estabilidade da dívida pública, seguir com a política de devolver o excesso de arrecadação para a população. Ainda temos uma ampla agenda pró-mercado para trabalhar. Por exemplo, é fundamental melhorar a eficiência do setor elétrico. Tenho certeza que, assim que essa discussão avançar, vamos melhorá-lo.

Melhorar como? Vendendo a Eletrobras?

É uma parte. Vender a Eletrobras é uma prioridade para o nosso governo. Temos que insistir na agenda de privatizações e concessões. Agora, além disso, existem alguns desenhos equivocados que foram feitos no passado no mercado de energia. Esse mercado precisa voltar a fazer sentido.

Muitos acreditam que a economia pode prejudicar a reeleição do presidente.

Vamos ver. Agora é a minha vez de fazer uma provocação. A economia vai crescer mais do que o mercado está esperando em 2022, o emprego vai continuar crescendo e o investimento privado seguirá vindo. Vamos dar a resposta dentro de campo como sempre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.