“A gente entende que tem que passar mensagem dura. A mensagem de hoje é a mesma do último Copom. Aproveitamos eventos como esse para nos manifestar e a mensagem que continua valendo hoje é a do último Copom, que a gente disse que avaliaria um possível ajuste final”, disse, no evento “Prêmio Valor 1000”, promovido pelo Jornal Valor Econômico, em São Paulo.
“Vamos avaliar um possível ajuste final em setembro”, reforçou, em outro momento quando perguntado se ainda existe a possibilidade de aumento de 0,25 ponto porcentual da Selic este mês. No Copom de agosto, o BC disse que avaliaria “a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”.
Como em sua última apresentação, Campos Neto disse que a batalha da inflação não está ganha e que “não é para comemorar”, apesar da melhora recente do IPCA – índice oficial de inflação – e das expectativas de 2022. O presidente do BC voltou a destacar que o principal motivo para melhora no curto prazo são as medidas de desoneração tributária do governo, mas citou que há notícias mais favoráveis em “outros índices” na margem. Campos Neto ainda avaliou que há uma reprecificação da inércia para 2023, que fica menor com as expectativas cadentes para este ano.
Segundo ele, a comunicação é muito importante para terminar o trabalho do ciclo de aperto monetário e o BC vai comunicar passo a passo o que pretende fazer, mas, em momentos de maior incerteza, tende a falar menos. Ele lembrou que há muita incerteza sobre o retorno da cobrança de impostos federais sobre combustíveis em 2023, assim como sobre o financiamento do Auxílio Brasil.
Campos Neto ainda disse que há muito do processo já realizado de alta de juros que ainda não fez efeito. “Entendemos que, em algum momento para e espera o efeito. Mas entendemos que temos meta e queremos fazer a convergência para meta”, frisou. Ele ainda destacou que, com o histórico de indexação no Brasil, o BC sempre tenta navegar evitando “fazer de menos” nos juros.