Como as autopeças, a maioria dos acessórios é fabricada por terceiros, mas desenvolvida pela própria montadora com o projeto do novo veículo. A vantagem é a garantia de qualidade e da segurança de produtos originais, diz Luiz Gustavo Mandacaru, da Mopar, marca de pós-venda e acessórios da Stellantis, dona de Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën.
Segundo Mandacaru, na pandemia consumidores redescobriram as viagens de carro ante o receio da aglomeração em transportes públicos. As fabricantes tiveram de se adaptar ao “novo consumidor”, que viaja para destinos mais próximos de casa, leva os pets nos passeios e se conecta mais à natureza.
“Os acessórios são uma tendência por causa da própria demanda do cliente. Para a empresa, é uma estratégia para atender bem o consumidor e agregar um novo negócio à venda de veículos”, afirma Mandacaru. O faturamento do grupo no segmento dobrou de 2020 para 2021 e segue em alta. Pesquisa realizada antes da pandemia pela Gipa, líder global na área de pós-venda automotiva, mostra que o gasto com acessórios em 2019 (dado mais recente disponível) foi de R$ 4,7 bilhões.
Testes
Bolsas, cadeiras, cintos, guias e forros para bancos destinados a animais de estimação já são produtos originais de marcas como General Motors, Volkswagen, Stellantis, BMW e estão em estudo pela Toyota.
“Os itens da nossa linha pet são testados e homologados pela engenharia da GM para oferecer o mais alto nível de qualidade e segurança”, diz Luis Felipe Teixeira, diretor de peças e acessórios da companhia. Ele afirma que os acessórios servem para personalizar o veículo ao gosto e às necessidades do consumidor. Além disso, peças originais podem ser adicionadas ao financiamento do carro.
Na Volkswagen, o modelo com maior quantidade de acessórios é o SUV Taos, com mais de 100 itens. Entre eles estão assentos de bicicleta para crianças com cinto de segurança de cinco pontos e tenda para acampamento, que pode ser montada no teto do Taos ou do T-Cross e acessada por uma escada que acompanha o kit.
A barraca tem capacidade para duas pessoas e é feita com material resistente, diz o vice-presidente de Vendas e Marketing da Volkswagen, Roger Corassa. Segundo ele, além da qualidade, o produto original assegura a instalação correta e a garantia de fábrica do carro.
Mandacaru, da Mopar, afirma que a empresa precisa estar atenta às diferentes necessidades dos proprietários de cada modelo. A luxuosa picape RAM 3500, a mais cara do Brasil – até R$ 530 mil – tem inédito estribo automatizado em baixo do veículo e é acionado quando o condutor abre ou fecha a porta. Para a Fiat Strada, usada no lazer e no trabalho, há suporte para escadas e grade que amplia o tamanho da caçamba.
Cliente quer veículo com a ‘cara do dono’
Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards Automotive & Mobility, avalia que, além do aumento do interesse pelo transporte particular, o consumidor brasileiro tende a demorar mais para trocar de automóvel porque os preços subiram muito desde o ano passado.
De acordo com ele, ao ficar mais tempo com o carro, faz sentido para o consumidor investir em acessórios para personalizá-lo, “deixá-lo mais com o olhar do dono”.
Sobre a grande oferta de itens para animais de estimação, o consultor automotivo ressalta que foi um mercado que “explodiu” durante a pandemia e que os acessórios são alternativa confortável “em lugar de deixar os animais em gaiolas”.
Para as montadoras, ele vê o negócio de acessórios mais como um apelo estratégico para fidelizar o cliente do que uma alternativa para aumentar a receita financeira.
Venda maior
Luis Felipe Teixeira, diretor de peças e acessórios da General Motors, afirma que as vendas nesse segmento cresceram mais de 20% no último ano muito em função da maior oferta de produtos e de novos hábitos do consumidor.
Com aumento de 170% no faturamento com acessórios em 2021, a BMW tem como campeão de vendas tapetes de borracha para a área de passageiros e o porta-malas com bordas altas para evitar, por exemplo, que areia, terra e água se espalhem. Também tem cabide acoplado atrás do banco do condutor para levar paletós ou outras vestes sem amarrotá-las.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.