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Com alta de 46,25% desde o início da guerra, trigo tem recorde histórico

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Estadão Conteúdos

O preço do trigo na Bolsa de Chicago (EUA) bateu nesta segunda, 7, o recorde histórico de US$ 12,94 por bushel, pressionado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores do grão. A marca supera a cotação atingida em março de 2008, de US$ 12,83, no boom das commodities. Desde o início do confronto, o trigo já subiu 46,25% em Chicago. No interior do Rio Grande do Sul, a tonelada do grão atingiu R$ 1.960, preço recorde e com alta de 26% em uma semana, aponta a consultoria Safras & Mercado.

A disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos supermercados nas negociações com os fornecedores. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) recebeu relatos de supermercadistas apontando que os preços da farinha já teriam aumentado 15% na última semana e que haveria indicações de novos reajustes dessa magnitude. No caso do óleo de soja, outro produto que é influenciado pelo trigo, o preço da indústria teria sido remarcado em cerca de 20% em uma semana.

“É um sinal de alerta”, afirma Rodrigo Marinheiro, executivo de relações institucionais da Apas. Ele diz que esse aumento de preços ainda não foi captado pelo indicador de inflação dos supermercados de fevereiro, mas deve aparecer neste mês, inclusive com reflexos nas cadeias de derivados, como massas, biscoitos e outros óleos, como de milho e girassol.

Mesmo movimento

O temor do executivo da Apas é de que se repita com o trigo o que aconteceu recentemente com arroz, quando os produtores nacionais exportaram o grão, o que turbinou os preços no mercado interno.

Nas últimas semanas, informações de mercado indicavam que os moinhos brasileiros estavam abastecidos. Portanto, essa nova tabela de preços da farinha apresentada aos supermercados pelos moinhos já estaria levando em conta o custo de reposição do grão que está mais alto.

Sem interferência

Questionada sobre os reajustes dos preços da farinha de trigo pelos moinhos, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) informou, por meio de sua assessoria, que “a entidade não discute preço, pois cada empresa toma a decisão que melhor atende a seus interesses”.

Segundo Élcio Bento, analista de trigo da consultoria Safras & Mercado, os moinhos estão voltando às compras e agora enfrentam dificuldade para fechar negócios porque o trigo está custando quase 30% a mais em reais do que antes da guerra.

Bento disse que moinhos estrangeiros estão vindo comprar a safra de trigo no interior do Rio Grande do Sul e pagam ao produtor quase R$ 2 mil por tonelada. “O Brasil é importador de trigo, mas está exportando”, afirmou Bento. No mês passado, as exportações gaúchas somaram 1,025 milhão de toneladas para Oriente Médio e Ásia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.