Em geral, o fim do ano é melhor em vendas do que o início, já que há mais dinheiro circulando na economia e mais datas comerciais, como Black Friday e Natal. Neste 2022, porém, o Auxílio Brasil aumentado, a Copa do Mundo e a chegada da tecnologia 5G da telefonia celular são alavancas positivas a mais na conta. A moderação na empolgação fica por conta do cenário de juros ainda altos, que atrapalha quem quer parcelar uma televisão nova para assistir os jogos do Catar, a inflação acumulada ainda alta e o endividamento das famílias.
O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, se recusou a dar projeções de alta de vendas para o segundo semestre, mas disse que a empresa está em condições de ganhar mercado. “Prometo trabalhar duro. Temos tudo para conseguir voltar a ganhar mercado. Mesmo se o ‘bolo não crescer’, o que é improvável, temos como ganhar mercado”, disse o executivo.
Como no fim de 2021, a empresa ficou com estoque muito mais alto do que o desejado e teve de liquidar boa parte dele. Na divulgação de resultados do segundo trimestre de 2022, a posição de estoques da varejista foi uma questão para os investidores durante a teleconferência da companhia. Trajano, porém, disse não considerar que o estoque da companhia esteja alto. “A perspectiva de venda é melhor no segundo semestre. É preciso avaliar o estoque de acordo com a perspectiva”, disse.
IMPACTO
Ao Estadão/Broadcast, o presidente da Via (dona das Casas Bahia e do Ponto), Roberto Fulcherberguer, disse que a empresa está preparada para as vendas do fim do ano. “Estamos bem programados”, afirmou. Ele acredita que o pagamento do Auxílio Brasil aumentado deve ter impacto maior no quarto trimestre para empresas como a Via, já que, a exemplo do que se viu com o Auxílio Emergencial, as primeiras parcelas devem ir para o pagamento de dívidas e consumo básico.
Márcio Cruz, responsável pela plataforma digital da Americanas, afirmou aos investidores que a vendas de julho continuam tendo um crescimento consistente e que a companhia segue confiante para o segundo semestre, com os eventos sazonais, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, além do impacto positivo que a Copa do Mundo deve trazer.
TRIMESTRE FRACO
Essas perspectivas vêm depois de um trimestre de vendas fracas para a maior parte de varejistas do setor. O diretor de operações da consultoria Gouvêa Ecossystem, Eduardo Yamashita, explica que, com a atual conjuntura econômica – alta de inflação, juros altos, massa salarial sem crescimento e baixa confiança do consumidor -, era mesmo esperado que os balanços das empresas de varejo de bens duráveis apresentassem uma retração na comparação com os anos anteriores.
“Diferentemente da pandemia, estamos vivendo um cenário de retração econômica ‘clássico’ e, nesse contexto, o varejo de itens de valor mais alto e dependentes de crédito sofrem mais, pois o consumidor posterga as compras nessas categorias”, avalia. (Colaborou Camila Vech)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.