Às vésperas da retomada da assembleia de credores da Samarco, marcada para a próxima sexta-feira, 1º, grupo de fundos estrangeiros que detém uma dívida de R$ 26 bilhões da mineradora já começou a se debruçar na elaboração de um plano alternativo de recuperação judicial.
A mineradora entrou em uma crise financeira após a tragédia de Mariana (MG), em novembro de 2015, quando o rompimento de uma de suas barragens causou 19 mortes e danos ambientais na região. A produção da companhia só foi retomada em dezembro de 2020.
Se esse movimento dos credores for confirmado, ele será inédito na história empresarial do Brasil. O desfecho é esperado caso os credores rejeitem o novo plano apresentado pela companhia, o que é o mais provável de ocorrer até este momento, segundo apurou o Estadão.
No início do mês, foi suspensa a assembleia de credores que votaria uma nova versão do plano, prevendo o pagamento das dívidas em 2041, com um desconto de 75%, além da possibilidade de transformar os débitos em “títulos participativos”.
A possibilidade de credores apresentarem um plano alternativo só será possível por conta de mudanças trazidas pela nova lei de recuperação judicial brasileira. Se o plano da empresa não for aceito, o grupo de credores terá 30 dias para entregar sua proposta.
Gestão independente
O Estadão apurou que esse plano já está elaborado, mas que o grupo ainda aguarda alguns dados operacionais da Samarco para confirmar a oferta. No plano dos credores, o ex-executivo da Vale Tito Martins – que no fim do ano passado deixou o comando da Nexa – será o indicado para assumir a Samarco, com a missão de uma gestão independente na empresa. O executivo já esteve no conselho da companhia por três anos no passado e está há dois meses trabalhando no caso.
Essencialmente, o novo plano deverá trazer um cronograma de retomada mais curto para a produção da mineradora – o cálculo atual é considerado conservador.
A Samarco estima que sua produção só alcançará o volume de antes da tragédia em 2030. Nos bastidores, o entendimento é de que seria possível acelerar em ao menos dois anos esse cronograma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.