“Teremos eleições polarizadas em outubro e é preciso tirar o Censo disso, para que seja encarado como uma campanha de Estado. É o IBGE num canto e eleição no outro. Política é importante, só que o IBGE não pode se misturar com isso”, disse em discurso.
Em seguida, a jornalistas, Azeredo afirmou que os recenseadores foram orientados a não falarem de política, futebol e outros temas polêmicos, sobretudo em municípios menores, onde a população se conhece.
“O Censo não é do IBGE e nem do governo. É fundamental que a população veja que benefício do Censo vai trazer, independentemente do governo. Seja o partido vermelho, azul, amarelo, preto, A, B ou C. Não importa. O que importa é que o Censo é do Brasil, que vai privilegiar qualquer político que assuma o país. Vai dar um (sobre a população) termômetro para esse político”, disse Azeredo.
Sobre notícias falsas, Azeredo diz que elas vão aparecer porque é o primeiro censo realizado em meio à ampla utilização de redes sociais pela população. “As fake news vão aparecer, e vamos ter de derrubar cada uma delas”, disse.
Para tanto, diz ele, o IBGE vai lançar mão, por exemplo, de tecnologia de mapeamento por GPS para chegar a todos os domicílios do país com maior precisão. E, a fim de evitar boatos de não apuração de domicílios, a população não visitada até outubro será instada por uma campanha publicitária a ligar para um número de três dígitos para marcar a entrevista e a contabilização de seus dados na pesquisa.
Orçamento
Embora já tenha revelado preocupação com o orçamento do Censo Demográfico, Cimar Azeredo minimizou a questão na cerimônia de abertura da coleta de dados. Ele disse que o IBGE já fez um processo de reajuste de custos e que não é necessária nenhuma complementação no momento.
O IBGE conta com R$ 2,3 bilhões para realizar o Censo este ano, montante definido ainda no correr de 2019 pelo Ministério da Economia e já transferido ao instituto. Além de já reduzido com relação à primeira estimativa de custo da operação, o montante ficou defasado em função da inflação de itens amplamente utilizados na operação, como a gasolina.
“O governo está muito ciente da importância do Censo. A princípio, a gente vai trabalhar um dia de cada vez. Mas hoje a gente (IBGE) não precisa de nenhuma complementação para o Censo”, disse Azeredo.
Em seguida, porém, o diretor do IBGE disse haver compromisso do governo com novos aportes financeiros, caso seja necessário. “Mas, se for preciso fazer algum replanejamento em função de algum problema durante o Censo, isso vai ser feito. A gente tem a garantia do Ministério da Economia de que se precisar, mesmo iniciada a operação, a gente vai conseguir finalizar. Mas acreditamos que está dentro da margem”.
Azeredo argumentou que o Censo foi em parte barateado e facilitado por soluções tecnológicas, além de uma cooperação para a compra de materiais pelo Ministério da Saúde. Após o término da pesquisa, os materiais comprados pela Saúde, serão devolvidos à pasta. Segundo o diretor, a parte financeira da operação é acompanhada em tempo real em um “dashboard” que facilita prognósticos de custo.
Ele negou que a demora no pagamento de ajuda de custos a recenseadores em algumas praças do País tenha a ver com falta de orçamento. Segundo o diretor do IBGE, trata-se de questão burocrática ligada a inserção dos dados pelos funcionários temporários e a liberação das listas de pagamento pelo instituto, que acontece uma vez por semana, nas manhãs de segunda-feira.