Nada menos do que 15 eventos do tipo foram realizados no tradicional espaço da antiga Bovespa, no centro de São Paulo, nos três primeiros meses deste ano.
A expectativa é de que esses 15 leilões feitos na B3 gerem R$ 8,8 bilhões em investimentos privados, em dez Estados brasileiros, com a privatização de serviços públicos como saneamento e iluminação, entre outros.
O movimento de licitações de ativos públicos é bem superior ao visto no ano passado: em 2021, os três primeiros meses do ano tiveram dois leilões; no mesmo período de 2020, houve apenas um evento.
A Bolsa atua como assessora de licitações há 30 anos, desde a época da desestatização de companhias como a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
O segmento representa um alento em um momento ruim para as estreias de negócios na Bolsa, mas os leilões não chegam, nem de longe, a compensar as receitas que a B3 teria com uma oferta de ações.
Esse tipo de leilão representa apenas uma fração do negócio total da B3, embora a empresa esteja começando a planejar formas de ampliar esse faturamento.
No balanço do quatro trimestre de 2021, as receitas com esse serviço não são abertas, pois ficam dentro da linha “outros”, que correspondeu a R$ 37,3 milhões no período, representando apenas 1,5% do faturamento total da B3 no período, que somou R$ 2,4 bilhões.
Apesar de ser pouco relevante, a linha “outros” do balanço da Bolsa cresceu 24,8% nos últimos três meses do ano passado, considerada a comparação com 2020.
ESPAÇO PARA CRESCER
O superintendente de processos licitatórios da B3, Guilherme Peixoto Barboza, diz que a antiga Bovespa se envolveu nos leilões justamente porque algumas das empresas estatizadas no passado detinham ações negociadas no mercado. A atual B3, vale lembrar, é resultado da união das antigas Bovespa, Bolsa do Rio, BM&F e Cetip.
“Hoje essa atividade (de leilões de ativos públicos) está mais recorrente. Com isso, a área de assessoria da B3, que temos desde 2017, passou a ter essa prestação mais difundida. Antes fazíamos para o governo federal e alguns Estados. Agora, passamos a atender até mesmo os municípios”, explica Barboza, que em dia de leilão é responsável por bater o martelo e anunciar o vencedor do ativo em disputa.
Segundo o executivo da B3, há espaço para o setor crescer dentro da Bolsa brasileira. Hoje, a área atende apenas o setor público, mas já estão em negociações leilões envolvendo o setor privado. Uma das possibilidades é a venda de créditos de carbono; outra linha possível é a de créditos tributários. “Temos algumas discussões, temos condições de fazer novos projetos neste ano”, comenta Barboza.
CUSTÓDIA
O trabalho da Bolsa de assessorar licitações começa bem antes do dia do leilão em si. Quando o governo federal lança um edital para uma licitação de uma rodovia, por exemplo, há uma data estabelecida para que os interessados entreguem toda a documentação. Toda essa papelada, muitas vezes trazida por advogados nas clássicas malas pretas de viagem, é entregue à B3, que fica responsável por analisar tudo e validar ou não a participação do proponente.
A B3 também faz a custódia das garantias preparadas pelos participantes do leilão, como seguro garantia ou títulos do tesouro. “A B3 é a gestora da garantia dada pelo proponente até a assinatura do contrato”, explica.
Mas e se, quando o mercado voltar à normalidade, houver uma oferta de ações no mesmo dia de uma licitação? Segundo a B3, a chance de “conflito” é pequena, já que as estreias na Bolsa geralmente ocorrem pela manhã, enquanto os leilões são feitos à tarde.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.