Representantes de empresas como Bayer, Corteva, Archer Daniels Midland (ADM) e Bunge disseram que a oferta mundial de grãos continua apertada, de forma que seriam necessários pelo menos mais dois anos de colheitas boas nas Américas do Norte e do Sul para aliviar o cenário atual. Segundo eles, as condições de seca persistente nos EUA e em países agrícolas da América do Sul, junto com a incerteza sobre a produção ucraniana, estão tornando a situação ainda mais complicada.
De acordo com os executivos, a renovação do acordo do corredor de exportação de grãos no Mar Negro até o fim de novembro é crucial para aliviar a pressão sobre os estoques globais de alimentos. “Precisamos tirar esses suprimentos de lá”, disse o CEO da Bunge, Greg Heckman, a maior processadora de oleaginosas do mundo. “Não apenas pela segurança alimentar global, mas pela qualidade e pela liberação de armazenamento para a próxima safra.”
O CEO da ADM, Juan Luciano, disse em uma conferência de investidores em 7 de setembro que, entre março e agosto, a Ucrânia exportou cerca de 40% dos grãos que normalmente enviaria naquele período específico. Sob o acordo de grãos do Mar Negro, o país embarcou cerca de 60% do que fez nos últimos anos, afirmou. Para setembro, ele espera uma melhora entre 80% e 90%.
Somado ao cenário de guerra na Europa, as altas temperaturas no verão dos EUA exacerbaram as condições de seca no Oeste e nas Grandes Planícies do país. O calor intenso em Estados como Kansas, Nebraska e Oklahoma se instalou quando as plantações de milho estavam polinizando em muitas partes do Cinturão de Grãos, quando as plantas precisam de mais água. Algumas culturas de milho também foram plantadas após uma primavera úmida no Hemisfério Norte, causando perda de rendimento, de acordo com analistas agrícolas.
Atualmente, espera-se que a colheita de milho deste ano fique abaixo dos rendimentos normais mais recentes na América do Norte e na Europa, impedindo que 2022 seja um ano de reabastecimento de suprimentos em todo o mundo, disse o executivo-chefe da Corteva, Chuck Magro, durante apresentação para investidores nesta semana.
Em um relatório deste mês, sobre segurança alimentar global em 77 países de renda baixa e média, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou o número de pessoas em estado de insegurança alimentar em 1,3 bilhão, um aumento de cerca de 10% em relação à estimativa de 2021.