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Exterior cauteloso deixa Ibovespa instável, apesar de indicações à Petrobras

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Estadão Conteúdos

Instabilidade marca o pregão na B3 nesta quinta-feira. O Ibovespa voltou a cair após testar leve alta de 0,06%, com a máxima marcando 118.296,93 pontos, em meio à indefinição externa. Porém, o declínio é moderado e nem sempre firme. O que atenua é a valorização superior a 2% das ações da Petrobras, após indicações de nomes para compor a diretoria da empresa e em meio à elevação do petróleo no exterior.

“Petrobras é o que está segurando. Parece que o mercado gostou dos indicadores, por terem uma linha mais técnica”, avalia Joaquim Sampaio, portfólio manager e sócio da RPS Capital.

Apesar do tom negativo, Sampaio se diz otimista em relação a avanços do Ibovespa, sobretudo por conta da expectativa de valorização das commodities. “Acreditamos que o ciclo ficará alto por conta de restrição de oferta. O principal risco é a queda da demanda”, avalia, acrescentando que, por ora, o sinal de aceleração do juro americano não deve inverter a entrada de fluxo estrangeiro para a B3.

Porém, para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, a volatilidade deve continuar. “O tom duro do Fed já era esperado. Com a guerra na Ucrânia e lockdown na China, o Fed deve puxar mais os juros agora e soltar um pouco lá na frente. Isso deixa a expectativa de retorno um pouco mais difícil” avalia. Conforme ele, a volta do Ibovespa para a faixa dos 117 mil pontos parece mais perto da realidade após a busca de investidores por oportunidades.

“Os preços de commodities tendem a andar de lado. Então,a tendência é de mais volatilidade do que de alta”, estima Velloni.

Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 0,55%, aos 118.227,75 pontos, pelo terceiro pregão consecutivo. Além disso, pesa hoje o recuo em torno de 3% do minério de ferro na China. Ficam no radar falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Banco Central (BC) brasileiro, Roberto Campos Neto.

O ambiente ainda é de cautela, com Fed mais duro e possibilidade de novas sanções à Rússia, sintetiza relatório do Bradesco.

No noticiário brasileiro, a indicação de nomes para a Petrobras agrada, bem como a mudança de bandeira escassez hídrica para a de cor verde na conta de luz a partir de 16 de abril.

Lá fora, o desempenho da maioria dos índices de ações é levemente positivo e vem após as perdas da véspera, em reação à ata do Fed, que indicou alta mais rápida dos juros e também a retirada ligeira do balanço patrimonial de US$ 95 bilhões da economia para segurar a inflação. Nesta manhã, na ata do Banco Central Europeu (BCE), muitos dirigentes acreditam que a escalada persistente da inflação na zona do euro demandará medidas para normalizar a política monetária.

Internamente, ontem o governo indicou dois nomes para compor a diretoria da Petrobras após uma sequência de indicações frustradas como as do economista Adriano Pires e do empresário Rodolfo Landim, que declinaram dos convites por conflitos de interesses. Agora, as duas indicações precisam ser confirmadas pela assembleia-geral ordinária da Petrobras, que acontecerá na quarta-feira.

“As indicações de José Mauro Ferreira Coelho presidência e Márcio Andrade Weber presidir conselho de Administração para assumirem, respectivamente, o comando da estatal e seu conselho de administração devem ser bem recebidas pelos investidores, pois não se espera mudanças significativas na gestão da empresa”, avalia em nota a LCA Consultores.

Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, a notícia agrada por traz tranquilidade aos investidores, dado que é a “novela está resolvida.”

No entanto, o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, vê a indicação de Coelho com preocupação. “Parece mais um burocrata, conveniente, cordato e defensor das privatizações e da atual política de preços dos combustíveis”, afirma em nota. “Ele vai fazer exatamente o que o Governo Federal quer, que é trabalhar para entregar a Petrobras para a iniciativa privada, mas nós não vamos deixar”, completa.

Já a alteração da bandeira na tarifa de energia elétrica, confirmada ontem à noite pelo Ministério de Minas e Energia, antecipa em cerca de 15 dias o cenário da maior parte dos analistas do mercado, que esperavam uma redução da tarifa no fim do mês. A alteração gera algum otimismo, como retrata a queda nos juros futuros. Com a revogação da bandeira escassez hídrica (BEH) e a adoção da bandeira verde, o IPCA deve ter um alívio de 0,95 ponto porcentual, estima a MCM Consultores.

Conforme Laatus, a expectativa de alívio na inflação pode reforçar o fim do ciclo de alta da taxa Selic em maio, que atualmente está em 11,75% ao ano.

Às 11h08, o Ibovespa caía 0,19%, aos 118.003,54 pontos, após abertura aos 118.226,04 pontos, mínima a 117.508,58 pontos (-061%) e máxima a 118.296,93 pontos (alta de 0,06%).

Contato: reginam.silva@estadao.com