A ata do tem uma linha mais “hawkish” em relação ao comunicado divulgado na semana passada, quando a Selic subiu de 9,25% para 10,75% ao ano, avalia a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta. Para a economista, a Selic deve caminhar para encerrar o ciclo de alta em 12,25% ao ano, e não mais em 11,75% como revisado logo depois da decisão do Copom.
“Como o mercado esperava apenas um ajuste ata ante comunicado e agora indica um cenário pior, podemos inferir que tenderá a ser mais elevado juro. É um tom mais ‘hawkish’. Como não travou a alta nem a magnitude, deixa aberto para altas consecutivas com ciclo não terminando em março”, avalia Carla, da CM.
Além disso, o Banco Central (BC) reforça preocupação com o fiscal, dado que o governo segue firme com a ideia de aprovar a PEC dos Combustíveis, que permite a redução dos impostos federais e estaduais sobre os combustíveis, incluindo a gasolina e o gás. ” “Indiretamente manda um recado para as medidas fiscais, como a PEC dos Combustíveis”, observa o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em conversa matinal com clientes e a imprensa.
A despeito do tom mais duro, a expectativa é que o BC desacelere o ritmo de alta da Selic de 1,5 ponto para 1 ponto porcentual no encontro de março.
O economista-chefe da Necton, André Perfeito, diz, em nota, manter sua projeção de Selic a 12% em 2022, após uma primeira leitura da ata. “Acredito que a estratégia que faça mais sentido para a Autoridade Monetária seja estender um pouco mais no tempo o aperto da taxa básica dando tempo para o BCB avaliar as condições correntes da inflação e das expectativas”, avalia.
“As próximas altas não serão da mesma magnitude da atual. A lista de indicadores hoje é fraca. Investidores estão olhando para os Estados Unidos e para as questões geopolíticas tensão entre Rússia e Ucrânia. Enquanto tudo isso não for resolvido, o mercado ficará nesse marasmo”, estima Laatus.
Quanto aos EUA, a grande expectativa é pela divulgação da inflação ao consumidor de janeiro, na quinta-feira, que tende a guiar os mercados em relação às estimativas para a política monetária americana, que deve começar a subir o juro em março. Já no Brasil, a espera é pela divulgação do balanço do Bradesco, que sai depois do fechamento da B3.
O Ibovespa caía 0,73%, aos 111.179,87 pontos, após ceder 0,92%, aos 111.963,91, na mínima intraday.
Petrobras cedia 1,71% (PN) e 2,03% (ON), enquanto Vale ON cedia 0,68%. Ações do setor financeiro tinham sinais mistos: Itaú Unibanco PN subia 0,12% e Bradesco PN recuava 0,53%. Varejistas como a Lojas Renner integrava a corrente das oito maiores perdas do Ibovespa, ao ceder 2,65%.