“O IPC-S de junho ficou um pouco acima da projeção para o mês, mas com uma trajetória de desaceleração que, mesmo que não na intensidade imaginada, aconteceu qualitativamente”, diz Picchetti.
O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava inflação de 0,72% em junho. As 11 estimativas coletadas com o mercado financeiro iam de 0,40% a 0,78%.
Entre os bons sinais para a composição do índice, o economista cita a desaceleração do núcleo do IPC-S, de 0,84% em maio para 0,54% em junho, e o alívio do grupo de serviços, de 1,86% para 1,20%. Apesar do arrefecimento na margem, ambas as métricas ainda avançam no acumulado em 12 meses, de 7,19% para 7,34% e de 15,10% para 15,60%, respectivamente.
Em contrapartida, o índice de difusão – que mede a proporção de subitens do IPC-S com aumento de preços – avançou de 72,26% na terceira quadrissemana para 72,58%. “A aceleração foi pequena na margem, mas está em torno desse nível resiliente que, em bom português, significa que três quartos do índice estão com aumento”, explica.
Em junho, o analista destaca sinais de repasse do último reajuste anunciado pela Petrobras para a gasolina nas bombas. Na comparação com a terceira quadrissemana, o combustível acelerou de uma deflação de 0,16% para uma alta de 0,18% e, na ponta, avança cerca de 1,20%.
Para o economista, o comportamento da inflação de serviços e os últimos dados do mercado de trabalho na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que ainda não há uma pressão de salários na inflação. “Dada a perspectiva de impactos do aperto monetário no segundo semestre, isso não deve mudar”, afirma.
Considerando a tendência de desaceleração esperada, Picchetti prevê um IPC-S de 0,50% no fechamento de julho, que seria suficiente para levar a inflação acumulada em 12 meses pelo índice a 9,84% no mês, abaixo do nível de dois dígitos pela primeira vez desde março.