Para ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia colocou uma incerteza adicional muito forte sobre a economia brasileira que já vinha, muito antes da guerra, vivendo grande volatilidade.
“O Brasil já não vinha bem antes disso. Já tinha problemas, pressões. Então, ao contrário do resto do mundo, as perspectivas de crescimento do Brasil não são das melhores”, sublinhou o professor da FGV, para quem o PIB este ano deverá crescer torno de 0,5%.
De acordo com ele, quando se olha o cenário do ponto de vista de longo prazo, utilizando modelos macroeconométricos que permitem filtrar a tendência de baixa frequência do PIB, não há nenhum sinal de melhora no dinamismo de longo prazo.
“Se continuar do jeito que está e não acontecer nada de bom daqui para frente, 2023 também não deve ser um ano bom. A gente deverá andar de lado”, disse emendando que a pressão inflacionária continua e que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terá de escrever outra carta justificando outro estouro do teto da meta inflacionária. O professor acredita que o IPCA deva fechar o ano mostrando uma inflação de 7% a 7,5%.
Isso, de acordo com o professor, será “chato” porque no segundo ano em que o BC tem independência de fato serão duas cartas que ele vai ter de assinar.
Sobre o câmbio estar apreciando, Marçal disse que sua surpresa é pelo fato de ele não ter tido esse movimento antes.
“Eu acho que o BC dormiu um pouco no ponto. Ele demorou para começar a subir os juros sendo que todos os sinais de inflação alta já estavam ai e agora está correndo para apagar o incêndio”, disse, acrescentando que agora os juros estão subindo e o câmbio respondendo.
Para o professor, o câmbio é um dos mecanismos que vão ajudar a trazer a inflação de volta à meta.