Após meses de negociação, a Amil decidiu repassar a deficitária carteira de planos individuais a um grupo recém-formado por três sócios: a Fiord, que se autodenomina uma empresa de investimentos, com fatia de 45%; o grupo Seferin & Coelho, que atua na área de gestão de hospitais, com 45%; e o executivo Henning von Koss, ex-Hapvida, Amil e Medial Saúde, com os 5% restantes.
A Fiord é liderada por Nikola Lukic, sérvio naturalizado brasileiro que tem sua experiência mais relevante na Starboard, empresa que já assumiu negócios em dificuldades como Colombo (de confecções) e Máquina de Vendas (eletrodomésticos). Ele deixou a Starboard em novembro, quando a Amil já havia começado a oferecer a carteira de pessoas físicas ao mercado. Fontes do setor dizem que a Fiord teria surgido apenas para o acordo com a Amil. A companhia, até o momento, não tem escritório nem funcionários.
Não é incomum que empresas decidam se desfazer de operações deficitárias e paguem a um terceiro para assumi-las. Isso ocorreu quando a rede francesa Fnac pagou mais de R$ 100 milhões à Cultura, que assumiu as lojas no País, mas acabou encerrando todas as unidades. Ou seja: esse subterfúgio pode ser usado como uma forma de garantir que o encerramento da operação ocorra nas mãos de um terceiro.
Para repassar sua carteira de pessoas físicas adiante, a Amil já fez aporte de R$ 2,3 bilhões na APS, negócio que passou a concentrar esses 337 mil beneficiários. O dinheiro só será acessado pelos novos sócios se a ANS der o aval definitivo para a operação.
Segundo fontes, a Fiord e seus parceiros reunirão documentos para tentar provar ao órgão regulador de que têm condições de tocar o negócio adiante e garantir o atendimento aos beneficiários. A carteira que a Amil quer passar adiante teria 20% de planos não regulados pela ANS (adquiridos antes de 2 de janeiro de 1999) e 80% de regulados, segundo fontes próximas à negociação.
A Amil, além do pagamento bilionário, teria se comprometido a fornecer serviços operacionais à manutenção dos planos por até um ano. Além disso, a companhia também faria a negociação com a rede credenciada por até cinco anos. Fontes próximas à Fiord dizem, porém, que a APS deve se movimentar para ter uma estrutura própria de atendimento antes desses prazos – a ideia seria ter entre 40 e 50 funcionários.
A carteira de pessoas físicas é um negócio geralmente pouco rentável aos planos de saúde: isso porque se trata de uma carteira mais antiga e custosa, com muitos usuários idosos. Fontes próximas aos novos sócios, porém, dizem acreditar que a operação pode ser rentável – com a ajuda dos R$ 3 bilhões ofertados pela Amil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.