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FMI/Gaspar: por segurança alimentar, países devem proteger os mais vulneráveis

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Estadão Conteúdos

O Diretor do Departamento de Questões Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Vitor Gaspar, defendeu nesta quarta-feira que a comunidade internacional deve aumentar o apoio a países com espaço fiscal restrito, com objetivo de assegurar a segurança alimentar em meio à escalada dos preços.

Durante coletiva de imprensa, Gaspar explicou que o FMI sugere que governos priorizem transferência “direta e direcionada” de recursos a famílias. “Os países devem agir decisivamente para proteger os mais vulneráveis”, ressaltou, alertando para o risco de turbulências sociais devido ao encarecimento dos alimentos.

Segundo Gaspar, o fundo estima que a inflação subirá 5,7% este ano em economias desenvolvidas e 8,7% em emergentes. O dirigente comentou ainda que, na maioria das regiões, a relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB) caiu em 2021, mas ficará acima do nível previsto antes da pandemia.

Questionado sobre as perspectivas fiscais na China, Gaspar caracterizou como “apropriadas” as medidas de expansionistas do governo para mitigar os efeitos da desaceleração econômica, mas sugeriu que as autoridades devem mover do tradicional suporte ao setor de infraestrutura para uma política de apoio direto a famílias.

Dívida Soberana

Vitor Gaspar também chamou atenção para a escalada dos riscos referentes à dívida soberana no mundo, em meio aos efeitos da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia. Gaspar comentou que os mercados internacionais de bônus estão funcionando de forma ordenada. No entanto, ele estimou que 60% dos países em desenvolvimento estão em quadro de “estresse de dívida” ou têm alto risco de se enquadrar nesse cenário. “Esse é um risco saliente no mundo”, disse.

Nas economias desenvolvidas, o principal risco é referente à inflação, de acordo com Gaspar. “É importante que os bancos centrais ajam decisivamente para garantir a estabilidade de preços no médio prazo”, recomendou.

O dirigente do FMI disse ainda que, neste momento, o cenário macroeconômico na zona do euro não justifica a implementação de medidas adicionais de apoio fiscal. “Mas a política fiscal tem um papel a exercer pela alocação e distribuição dos recursos”, explicou.