Após uma revisão da denúncia, o Conselho Executivo do fundo, composto por 24 membros, reafirmou nesta segunda-feira, 11, que tem “confiança total” em Georgieva.
“O Conselho Executivo considerou que as informações apresentadas no curso de sua revisão não demonstravam de forma conclusiva que a diretora-gerente desempenhou um papel impróprio em relação ao relatório “Doing Business 2018″ quando era CEO do Banco Mundial”, diz um comunicado do FMI.
Nas últimas semanas, os conselheiros se reuniram oito vezes para discutir as acusações contra Georgieva. “Depois de examinar todas as evidências apresentadas, o Conselho Executivo reafirma sua total confiança na liderança da diretora-gerente e na capacidade dela de continuar a desempenhar com eficácia suas funções”, afirma outro trecho da nota.
A junta executiva ressalta, ainda, que confia na “imparcialidade” e “excelência analítica” do corpo técnico do FMI. “Ao mesmo tempo, o Conselho Executivo planeja se reunir para considerar possíveis medidas adicionais para garantir a força das salvaguardas institucionais nessas áreas.”
A investigação, que veio a público no dia 16 de setembro, foi solicitada pelo comitê de ética do Banco Mundial à firma de advocacia WilmerHale, cujos representantes também se encontraram recentemente com os conselheiros do FMI.
O documento divulgado pelo Banco Mundial, com os resultados da averiguação feita pela WilmerHale, dizia que Georgieva havia pressionado por mudanças específicas na pontuação da China em determinados dados, em um esforço para aumentar a posição do país asiático no relatório de 2018.
Segundo a nota, havia expectativas naquele período de que a China exerceria um papel crucial na campanha para aumento de capital do Banco Mundial. Georgieva exerceu o cargo de diretora-executiva da entidade entre 2017 e 2019, antes de assumir a atual posição no FMI.
Ela, contudo, negou as acusações. “Eu discordo fundamentalmente das descobertas e interpretações feitas pela Investigação de Irregularidade de Dados no que diz respeito à minha atuação no relatório Doing Business de 2018, do Banco Mundial”, disse Georgieva em nota divulgada no mesmo dia em que a investigação veio à tona.
Após a polêmica, o “Doing Business” foi descontinuado. O relatório analisava dados quantitativos para comparar o ambiente regulatório das atividades empresariais em 190 países. A decisão do Conselho Executivo do FMI ocorre no mesmo dia em que teve início a reunião anual do órgão credor e do Banco Mundial. Georgieva, 53 anos, é a primeira pessoa nascida em um país emergente a dirigir o FMI desde a fundação da instituição, em 1944.