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Guedes: se não fosse combate à inflação, o Brasil poderia estar crescendo mais

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Estadão Conteúdos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a afirmar que o processo de aumento de juros afetará o crescimento do país em 2022. Segundo ele, o Brasil poderia crescer até 4% no ano se a inflação estivesse em níveis mais baixos. As declarações foram dadas durante uma palestra para empresários, em Fortaleza (CE).

“Com os juros mais altos há uma desaceleração do componente cíclico do crescimento. Se o Brasil crescer 1,0%, 1,5% ou 2,0% neste ano, é porque poderia crescer 4,0%. Temos confiança na geração de jovens que usa o sistema de metas de inflação. Se não fosse combate à inflação, o Brasil poderia estar crescendo mais”, disse o ministro.

Segundo Guedes, sua geração era acostumada a aumentar os juros mais fortemente para combater a inflação e no sistema de metas para a inflação há uma mudança nesse processo.

“Quando você declara a independência do BC, você tem que respeitar, mas eu sou de uma geração que seguia os princípios maquiavélicos, de fazer o mal de uma vez só. A nova geração segue o regime de metas, com uma atuação mais suave ao longo do tempo. Antigamente se fazia um movimento forte de uma vez só nos juros e depois só baixava as taxas. Hoje o BC diz que não vai te machucar, que vai subir os juros só um pouquinho”, afirmou o ministro.

Com a inflação sem dar trégua e a guerra no Leste Europeu pressionando ainda mais os preços de alimentos e combustíveis, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta semana a taxa básica de juros da economia brasileira pela nona reunião consecutiva. Com um aumento de 1,00 ponto porcentual, a Selic chegou a 11,75% ao ano, o maior patamar desde abril de 2017 (12,25%).

Nesta sexta, Guedes também afirmou que o mercado já começa a revisar para cima a projeção de crescimento do Brasil em 2022, e repetiu que o déficit fiscal brasileiro neste ano será menor que o americano e o europeu.

Na quinta-feira, a secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia revisou para baixo a estimativa para a expansão da atividade neste ano, de 2,10% para 1,50%. A projeção anterior havia sido divulgada em novembro do ano passado.

Apesar da revisão, a expectativa do governo é maior que a do mercado, que espera uma tímida alta de 0,49% do PIB, segundo o boletim Focus do Banco Central.