Em discurso em evento do Centro Europeu de Economia e Finanças, o dirigente destacou que o principal motor da alta inflacionária no Reino Unido tem sido a inflação importada. “Há pouco que a política monetária possa fazer para mitigar as pressões geradas externamente sobre os preços e, portanto, os números de inflação muito altos que certamente veremos nos próximos trimestres”, afirmou.
Para Cunliffe, a elevação dos preços de energia deve elevar inflação e pressionar o Produto Interno Bruto (PIB) de economias desenvolvidas. “Os dados mais recentes sobre os preços da energia sugerem um impacto de cerca de dois pontos porcentuais na inflação e cerca de 1% no nível do PIB em relação à previsão de fevereiro”, estimou, em referência ao Reino Unido.
Cunliffe afirmou, contudo, que ainda não enxerga a emergência de um cenário de inflação persistentemente alta incorporado à economia do Reino Unido. O dirigente reconheceu que há riscos de efeitos secundários da escalada inflacionária, como uma insustentável elevação dos salários.
Também admitiu que o BoE poderá ter que apertar ainda mais a política monetária. No entanto, ele alertou contra a ideia de que essas conjunturas são inevitáveis.
“Precisaremos avaliar com cuidado o riscos de ambos os lados, ponderando as evidências sobre a evolução dos preços internos, salários, atividade e emprego à medida que eles surgem”, explicou Cunliffe, que foi o único dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária (MPC) a votar contra a decisão de elevar juros em 25 pontos-base na reunião de março, preferindo manutenção da taxa básica.