As elevações nos preços de combustíveis costumam se espalhar por outros produtos e serviços da economia, contaminando a inflação como um todo, declarou Pedro Kislanov, gerente do Sistema de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É um impacto que não fica localizado nos combustíveis, mas, sim, dissemina para outros componentes”, disse Kislanov. “Quando você tem uma alta tanto da gasolina quanto do diesel, você acaba tendo um efeito disseminado na economia como um todo, como frete, serviços. Acaba impactando os preços dos bens e serviços que compõem o IPCA”, completou.
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 10, um reajuste nas refinarias, a partir de hoje, de 24,9% no preço do óleo diesel, de 18,7% da gasolina e de 16% do gás de botijão.
“É muito provável que a gente vá ter impacto desse aumento dos combustíveis no IPCA (de março)”, disse Kislanov. “Mas a gente tem que aguardar pra ver o quanto vai ser essa alta”, ponderou o pesquisador, acrescentando que o reajuste nas refinarias não significa que chegue na mesma magnitude às bombas de postos de gasolina em diferentes regiões do País.
Antes do reajuste, em fevereiro, a inflação oficial no País ficou em 1,01%, maior patamar para o mês desde 2015, de acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE.
A gasolina é o item de maior peso no IPCA, 6,47%. O etanol tem participação direta de 0,93% no orçamento das famílias; o óleo diesel, 0,25%; o gás veicular, 0,08%; e o gás de botijão, 1,37%. “De fato, quando você tem uma alta no preço dos combustíveis isso afeta outros setores, leva a um aumento de outros produtos e serviços que compõem o IPCA”, reafirmou Kislanov.