Na última sexta-feira, a coleta do Censo completou 54 dias, tendo recenseado 92.130 milhões de brasileiros. Embora tenham se passado quase dois terços do período de coleta, prevista para terminar em 31 de outubro, o total recenseado representa menos da metade da população do País, estimada em 215,138 milhões de pessoas.
Na edição anterior do Censo, realizada em 2010, a coleta já tinha alcançado 80% da população nos primeiros 58 dias de trabalho em campo, com 154,2 milhões de habitantes recenseados num universo populacional menor à época, quando havia 190,733 milhões de brasileiros.
Para igualar a marca da coleta de 2010, o Censo de 2022 precisaria quase dobrar o total recenseado até agora em apenas quatro dias. Apesar do atraso, o IBGE informa que ainda não há perspectiva de prorrogar o prazo de coleta em campo. “Assim como não faz projeções de dados ou indicadores, o IBGE não especula sobre prazos”, respondeu o órgão ao Estadão/Broadcast. Questionado pela reportagem, o IBGE negou que esteja oferecendo bônus de produtividade, embora alguns avisos enviados aos recenseadores usem este termo.
Em um setor censitário, o aviso sobre o bônus de produtividade distribuído aos recenseadores previa um pagamento adicional de até R$ 500 para o trabalhador que alcançasse uma média de 30 questionários preenchidos diariamente em um período de até cinco dias.
Outro alerta que circulava entre os temporários dizia que o instituto pagaria um bônus de até R$ 300 aos profissionais que conseguissem superar a marca de 126 questionários preenchidos durante a semana de incentivo. Para quem entregasse 70 questionários, o prêmio era um bônus de R$ 100. As metas alcançadas também renderiam um “upgrade” na faixa de valor paga por questionário dentro da tabela de remuneração.
QUESTIONÁRIO. A remuneração do recenseador varia de acordo com o tipo de questionário aplicado, se básico ou amostral, tipo do setor, se urbano ou rural, e características urbanísticas observadas pelo gestor local, que determinam as faixas de remuneração.
Sobre as discussões internas para tentar aumentar as remunerações dos recenseadores, o IBGE respondeu que “o orçamento do Censo é o mesmo, não prevendo até o momento possibilidade de acréscimo no volume destinado à remuneração dos recenseadores”.
“Apesar disso, estamos fazendo esforços para que recenseadores que enfrentam mais dificuldade tenham remuneração mais adequada aos desafios que encontram em campo”, completou o IBGE.
Em todo o País, apenas 24,5% dos 452.246 setores censitários tinham sido concluídos até sexta-feira passada. Outros 37,6% nem sequer tinham sido iniciados. Os demais 37,8% restantes tinham a coleta ainda em andamento.
A situação era mais grave dependendo do município ou do Estado. Em Mato Grosso, apenas 12,1% dos setores censitários estavam concluídos, ante 61,2% ainda nem iniciados. Roraima tinha somente 13,3% dos setores concluídos, ante uma fatia de 49,1% de não iniciados. No Acre, apenas 14,4% dos setores estavam concluídos, e 41,6% permaneciam não começados. São Paulo tinha apenas 20,2% dos setores concluídos e 45,8% nem iniciados.
O IBGE tem encontrado dificuldades para preencher todas as vagas de recenseadores necessárias para finalizar o trabalho, além de lidar com milhares de desistências de pessoal já treinado e insatisfeito com os pagamentos e as dificuldades encontradas nas ruas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.