O Ibovespa pode nesta terça-feira, 14, recuperar parte do recuo de 0,35% de segunda-feira, quando fechou na mínima aos 107.383,35 pontos, apesar da instabilidade dos principais ativos externos nesta manhã. Lá fora, há um misto de cautela com o avanço da variante de coronavírus Ômicron em várias partes do globo e expectativa com a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), amanhã. A dúvida é qual será o ritmo de retirada de estímulos pelo Fed e quando começará a subir o juro.
Na segunda, recorda Antonio Carlos Pedrolin, líder de mesa de renda variável da Blue3, no geral, todos os mercados emergentes sofreram, assim como as bolsas de Nova York, em antecipação ao Fed. “Aqui, o que segurou foi a Vale. Hoje, o minério caiu, o que é natural após a forte alta na véspera, de quase 6%”, diz.
Após testar máxima a 109.147,66 pontos (alta de 1,64%), o Ibovespa desacelerou o ritmo, voltando para os 108 mil pontos. Ainda assim, o índice sobe perto de 1%, na contramão do recuo dos índices futuros de Nova York. Além disso, Chama a atenção o recuo dos juros futuros.
A percepção, diz Régis Chinchila, da Terra Investimentos, é que o mercado começou a “precificar” o choque nos indicadores de inflação, numa sinalização de que a sequência dos aumentos da Selic estão começando a fazer efeito. “Atividade fraca (PIB, vendas no varejo, serviços, produção industrial) são pontos já precificados na Bolsa”, avalia.
A despeito do recuo no volume prestado de serviços em outubro (-1,2%), pouco acima da mediana negativa de 1,1%, e da manutenção do tom duro da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ambos divulgados hoje, Pedrolin acredita que os investidores devem operar mais em compasso de espera pelo Fed.
“A ata não trouxe grandes novidades. A única questão foi o debate sobre a política monetária, que cogitaram ajuste maior da Selic, mostrando o quanto BC está preocupado com a ancoragem das expectativas”, afirma o líder de mesa de renda variável da Blue3, completando que a indicação de que o BC seguirá buscando a convergênciada inflação para a meta é bem vista pelo mercado.
Além disso, a manutenção do tom ‘hawkish’ (mais duro) na ata Copom, após o BC elevar a Selic de 7,75% para 9,25% ao ano, indicando novo aumento de 1,50 ponto porcentual em fevereiro, de certa forma, já era esperado.
Na ata, o Banco Central afirma que o risco de desancoragem de expectativas, que é derivado dos desenvolvimentos no cenário fiscal, indica viés altista para as projeções de inflação do seu cenário básico. Na semana passada, a Selic subiu de 7,75% para 9,25% ao ano, com o BC indicando novo ajuste desta magnitude em fevereiro.
De todo modo, o BTG Pactual digital avalia que resultado de serviços apresentou dado bastante abaixo das expectativas, apesar da elevação da mobilidade social para patamar acima do observado em fevereiro de 2020.
Conforme a equipe de Macro & Estratégia do banco, para os próximos meses, a perspectiva é de espaço para a recuperação parcial de serviços prestados às famílias e demais atividades ligadas ao turismo. Contudo, a nota pondera que a despeito da melhora dos dados do mercado de trabalho, o rendimento real dos trabalhadores tem recuado, resultado da criação de vagas que requerem menor qualificação, deve impedir a manutenção do consumo nestes subgrupos. “Dessa forma, o aumento da inflação e a deterioração da confiança dos consumidores e dos empresários devem continuar sobressaindo à recuperação de grupos ligados a reabertura.”
Às 10h46, o Ibovespa futuro subia 0,73%, aos 108.164,68 pontos. Já no pré-mercado de Nova York, os índices tinham sinais variados, com predominância do negativo. O petróleo, por sua vez, acelerava a queda a 1%, inibindo alta das ações da Petrobras para perto da estabilidade, assim como Vale diminuía a alta.