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Ibovespa cai 0,22%, perto de 120 mil pontos; no trimestre, ganha 14,48%

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Estadão Conteúdos

O Ibovespa ficou a uma fração de segurar a marca de 120 mil pela terceira vez consecutiva e, embora na mínima do dia no fechamento, obteve alta de 6,06% no mês, após avanço de 0,89% em fevereiro e de 6,98% em janeiro. Assim, o ganho acumulado neste primeiro trimestre de 2022, de 14,48%, foi o maior desde o último de 2020, quando o índice de ações havia avançado 20,51%. Foi também o melhor primeiro trimestre desde 2016, quando o Ibovespa subiu 15,47%.

Em 2020 e 2021, o primeiro trimestre havia sido negativo para a Bolsa, pressionada pela pandemia. E, em 2019, ano inicial do governo Bolsonaro, o avanço foi de 8,56% no intervalo janeiro-março.

Nesta quinta-feira, a referência da B3 oscilou entre leves perdas e ganhos à tarde, mas acompanhando de longe a piora em Nova York, fechou no piso do dia, em baixa de 0,22%, aos 119.999,23 pontos, saindo de abertura a 120.260,59, com máxima a 120.879,66 pontos nesta quinta-feira, vindo de ganhos nas duas sessões anteriores. Moderado, o giro ficou em R$ 28,7 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,77%.

Em Nova York, as perdas se acentuaram ao longo da tarde, em torno de 1,5% no fechamento para Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, em dia de ajuste mais forte para o petróleo, com o Brent e o WTI abaixo de US$ 110, em queda entre 5% e 6%, com anúncio de liberação da reserva estratégica americana, ao ritmo de 1 milhão de barris/dia pelos próximos seis meses. A referência americana (WTI) retrocedeu nesta quinta para a marca de US$ 100 por barril, enquanto a global, o Brent, era negociada a US$ 107 no fim da tarde.

Ainda assim, o dia foi positivo para Petrobras ON e PN, em alta respectivamente de 0,37% e 1,39% no fechamento, enquanto Vale ON virou à tarde e cedeu 0,28%. O ajuste negativo dos grandes bancos também se acentuou, chegando a 1,26% (Itaú PN) no encerramento – à exceção de Santander, que virou e fechou em leve alta de 0,27%. Na ponta do Ibovespa, Sabesp subiu nesta quinta 5,46%, à frente de Cielo (+4,36%) e Cemig (+2,98%). No lado oposto, Méliuz (-5,54%), Americanas ON (-5,50%) e PetroRio (-5,06%).

Nesta segunda quinzena de março, o Ibovespa havia registrado perda em apenas outro fechamento, o da última segunda-feira (28), quando cedeu 0,29%. Até o encerramento da quarta-feira, 30, a referência da B3 subiu 11,3 mil pontos em relação ao fechamento de 15 de março. De lá para cá, foram 10 ganhos diários, dos quais oito consecutivos, entre os dias 16 e 25, que colocam o avanço do mês um pouco acima de 6% em março, superior ao desempenho visto em Nova York e bem mais favorável do que o observado na Europa e na Ásia.

“Daqui pra frente, vai ser mais desafiador essa melhora de preço de Brasil, que já não está mais tão barato. Considerando tanto o cenário local como o internacional, há pouco espaço no curto e médio prazo, até seis meses, para melhorar muito. E há muitos fatores de risco que podem vir a fazer com que a dinâmica de preços (dos ativos) piore um pouquinho”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. “O Brasil descolou para melhor frente à maioria dos emergentes este ano, tanto em Bolsa como em câmbio, incluindo China, após ter ficado muito descontado em 2021. Ainda tem fluxo de curto prazo para Brasil, privilegiado em especial pela alta de commodities”, acrescenta. “Mas o mercado já ajustou bastante.”

Em Nova York, “o pior trimestre em dois anos não é tão ruim, pois o índice S&P 500 está a cerca de 5% atrás das altas recordes”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em NY. “Wall Street terá muito o que debater nos próximos meses, mas um mercado de ações instável parece provável: não haverá respostas claras sobre quando o pico da inflação deve acontecer e quão agressivo será o Fed com o aperto até que os riscos geopolíticos sejam resolvidos”, acrescenta o analista, destacando a determinação do presidente Vladimir Putin, da Rússia, de “interromper o fornecimento de gás para a Europa, a menos que os pagamentos sejam feitos em rublos”.

Na B3, em dólar, refletindo o avanço do índice de ações (+6,06%) e o recuo da moeda americana frente ao real (-7,65% em março), o Ibovespa fechou o mês a 25.203,56 pontos, comparado a 21.945,02 no encerramento de fevereiro e a 21.135,62 pontos no de janeiro. No fim de 2021, com o índice nominal muito depreciado, o Ibovespa na moeda americana estava em 18.799,19 pontos, ante 22.937,77 no fechamento de 2020.

“A formação da Ptax na última sessão do trimestre traz normalmente volatilidade para o câmbio, que saiu de um patamar de R$ 5,80 para baixo de R$ 4,80”, diz Arthur Schneider, responsável por distribuição de produtos da Monte Bravo Investimentos. “A atenção esteve concentrada pela manhã no PCE índice de preços ao consumidor preferido do Federal Reserve, com expectativa de que se desaceleraria ante a leitura precedente, mas rodando ainda em patamares altos para os Estados Unidos. Vimos ontem leituras fortes para a inflação na Europa, em países como Alemanha e Espanha”, acrescenta.

Como o núcleo do PCE – que exclui itens voláteis, como alimentos e energia – em alta de 0,4% em fevereiro ante janeiro, em linha com as expectativas, a atenção do mercado se volta, na sexta-feira, para o relatório de março sobre o mercado de trabalho nos Estados, com dados como a taxa de desemprego, a geração de vagas e a evolução do ganho salarial médio.

Aqui, o estudo de reajuste de 5% para servidores a partir de julho é uma questão que permanece em aberto, especialmente sobre como será acomodado sem ferir o teto em momento no qual o governo tem aberto mão de arrecadação, com corte de impostos como o IPI, observa Schneider. “Na margem, não é uma notícia positiva para Brasil”, acrescenta.