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Ibovespa emenda 3ª perda e cede 0,68%, aos 108,3 mil, menor nível desde 5/8

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Estadão Conteúdos

Mais alinhado nesta semana à aversão a risco que ainda prevalece no exterior, o Ibovespa emendou a terceira perda, ao cair 0,68% nesta terça-feira, aos 108.376,35 pontos, o menor nível de fechamento desde 5 de agosto (106.471,92). Em setembro, a queda acumulada pelo índice – negativo desde a segunda-feira – segue agora a 1,05%, com retração de 2,99% nestas duas primeiras sessões da semana. No ano, os ganhos são limitados a 3,39%. O giro desta terça-feira ficou em R$ 27,1 bilhões. Entre a mínima e a máxima, oscilou entre 108.120,26 e 110.161,07, com abertura a 109.121,86 pontos.

Novo sinal de deflação, pelo IPCA-15 de setembro, divulgado de manhã, não foi o suficiente para colocar o Ibovespa em sentido positivo, mesmo quando as bolsas de Nova York tinham sinal único e subiam, ainda que moderadamente, até o começo da tarde. No fechamento, as perdas em Nova York foram limitadas a 0,43%, no blue chip Dow Jones, com o Nasdaq conseguindo oscilar para o positivo (+0,25%) no encerramento. Na B3, “era para se ver algum alento, alguma recuperação, claro que longe de zerar perdas, mas um dia de recuperação com essa notícia (IPCA-15)”, aponta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.

Contudo, poucas ações entre as mais líquidas conseguiram se descolar nesta terça da cautela que se impõe desde o exterior, com destaque para Gerdau PN (+2,59%) e Gerdau Metalúrgica (+1,19%), além de Petrobras (ON +0,70%, PN +0,71%), favorecida pela recuperação parcial do petróleo na sessão, em alta em torno de 3%. Na ponta do Ibovespa, além das duas ações da Gerdau, destaque também para BTG (+2,18%), Suzano (+2,05%) e Cielo (+1,74%).

O Itaú BBA acredita que Cielo e Stone, dois nomes “puros” de maquininhas, devem ter impactos positivos de dois dígitos em seus resultados no ano que vem com as novas regras para as tarifas de intercâmbio dos cartões de débito e pré-pagos, divulgadas na segunda-feira pelo Banco Central, reporta o jornalista Matheus Piovesana, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na ponta de perdas do Ibovespa nesta terça-feira, Alpargatas (-4,84%), Positivo (-4,82%) e Dexco (-4,60%). O dia foi moderadamente negativo para Vale (ON -0,44%) e para as ações de grandes bancos (Itaú PN -0,94%, Bradesco ON -0,80%).

Na agenda macroeconômica, o recuo de 0,37% do IPCA-15 em setembro corrobora leitura positiva sobre o processo de desinflação no Brasil, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. “Evidente que grande parte disso vem dos preços administrados”, ressalva. Nesta leitura, os administrados caíram 1,66%, ante deflação de 4,28% em agosto.

“O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preço no mês, ficou abaixo de 60%, o sexto mês consecutivo de queda. Um bom sinal, mas é preciso esperar novos dados”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

“O dado de hoje acontece por um fator muito temporário, que são as reduções tributárias. Então, é um dado meio poluído para olhar pra frente, ainda muito afetado por medidas de curto prazo, medidas tributárias”, avalia Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.

Em outro desdobramento importante da agenda do dia, “a ata do Copom teve um tom até neutro, com a mensagem clara de que os juros serão mantidos altos por mais tempo, com o BC perseverando no aperto monetário”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

“A ata não trouxe sinalização diferente da que foi dada no comunicado da semana passada, quando o Banco Central levantou o cartão amarelo para as apostas mais agressivas de cortes da Selic já no início de 2023. O BC já tinha feito ali ponderações de que está preocupado com a dinâmica da inflação no próximo ano”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

No front político, faltando poucos dias para as urnas abrirem, ganha corpo nas mais recentes pesquisas a expectativa de que a eleição, com aparente crescimento do chamado “voto útil” nesta chegada ao domingo, eventualmente seja definida ainda no primeiro turno.

A campanha eleitoral deste ano, embora com pouco impacto até aqui nos preços dos ativos domésticos, entra na reta final com novos apoios públicos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, notabilizado durante o processo do ‘mensalão’, e do economista André Lara Resende, quadro técnico histórico do PSDB – mas do qual se afastou em anos recentes, por divergências teóricas frente a outros economistas com história associada ao partido.

Pouco antes de participar de encontro em que formalizaria publicamente apoio à candidatura Lula, Lara Resende, integrante da equipe que criou o Plano Real, defendeu políticas públicas de apoio à transferência de renda. Na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, o ex-presidente do BC na gestão Lula, Henrique Meirelles, que aderiu à candidatura do petista na semana passada, disse ser possível conciliar despesas sociais com o teto de gastos desde que medidas de controle compensatórias sejam adotadas, como uma reforma administrativa.

Economistas brasileiros ortodoxos e de diversas instituições nacionais e do exterior divulgaram nesta terça um manifesto pelo voto no primeiro turno no ex-presidente Lula. Na maioria, economistas do meio acadêmico, de instituições como PUC-Rio, Insper e FGV, associadas ao pensamento liberal, e do exterior, sem ligação com o PT, que assinaram o documento em defesa da “proteção à democracia”.