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Ibovespa fecha na máxima do dia, em alta de 5,54%, a 116,1 mil pontos

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Estadão Conteúdos

Com o surpreendente desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de candidatos aliados ou simpatizantes ao governo nas disputas por assentos no Congresso e nas administrações estaduais, a sessão desta segunda-feira, 3, foi, desde cedo, conduzida por forte apetite pelo “kit Brasil”, com juros futuros em queda, real em apreciação e Bolsa com o maior ganho diário desde abril de 2020. A agenda liberal e reformista voltou a ganhar peso nas considerações dos investidores, com destaque para a vitória parcial, não prevista, de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no primeiro turno para o governo de São Paulo, bem à frente de Fernando Haddad, do PT.

Assim, Sabesp (+16,94%), conforme antecipavam analistas na noite de ontem (Tarcísio é favorável a privatizá-la), foi o carro-chefe na B3, que teve também entre seus destaques Gol (+12,54%), Azul (11,35%) e Via (+10,97%), na ponta do Ibovespa na sessão. Estatais como Petrobras (ON +8,86%, PN +7,99%) e Banco do Brasil (ON +7,63%) também se posicionaram entre as maiores ganhadoras do dia, em que apenas duas ações do Ibovespa (Yduqs -1,59%, Cogna -0,34%) fecharam em baixa.

Nesta segunda-feira, o índice de referência da B3 subiu 5,54%, aos 116.134,46 pontos, no que foi o seu maior avanço diário, em porcentual, desde 6 de abril de 2020, então em alta de 6,52% naquela sessão. A máxima de hoje correspondeu exatamente ao fechamento do dia, com giro financeiro bem reforçado nesta segunda-feira, a R$ 46,2 bilhões. O nível de encerramento foi o maior desde 14 de abril (116.181,61). Hoje, a mínima correspondeu à abertura, aos 110.047.56.

“As bolsas americanas, em recuperação hoje, abriram espaço para que o Ibovespa apresentasse movimento expressivo, após o resultado das eleições trazer viés positivo para os ativos de risco, principalmente para as empresas mistas e estatais”, diz Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais. Ela destaca o desempenho das ações de empresas de varejo e das companhias aéreas, entre as maiores altas e também entre as mais negociadas na sessão. “Esse movimento pode ser explicado pela expectativa de continuidade de deflação para as próximas medições, e com as curvas de juros, tanto os títulos curtos como os longos, registrando queda, combinada a um câmbio mais baixo do que esperado.”

Em dia de muita avaliação sobre desdobramentos políticos da noite anterior, a força mostrada pelos candidatos alinhados ao governo na conquista de assentos no Congresso e nos Estados não passou despercebida, e mantém o atual presidente bem vivo para a eleição em segundo turno, no dia 30, com chance de palanque em estados vitais como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, o ex-ministro Onyx Lorenzoni, próximo a Bolsonaro, passou para o segundo turno na frente do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), algo também não antecipado pelas pesquisas.

“O bolsonarismo é muito mais forte do que se imaginou. Sua capilaridade local e sua resiliência asseguraram a candidatos associados a Bolsonaro uma vitória tranquila, por vezes maiúscula. Das Assembleias ao Senado, teremos legislaturas ainda mais conservadoras que em 2018”, observa o cientista político Guilherme Casarões, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Ele acrescenta que, mesmo que Lula seja eleito, a capacidade de governar tende a ficar “muito estreita”, levando em conta Legislativo e governadores na oposição, o que dificulta discussões sobre questões vitais e que dividem opiniões, como as reformas fiscal e tributária.

“A disputa entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno veio com uma margem bem mais apertada do que se antecipava. A definição, em segundo turno, virá do redirecionamento dos votos dos demais candidatos, como Simone (Tebet) e Ciro (Gomes). O segundo turno leva adiante esse acirramento, que deve trazer mais volatilidade para os papéis, setorialmente, na medida em que a disputa ingressa agora na etapa final”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

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