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Ibovespa não acompanha NY no fim e cai 0,92%, a 107,9 mil pontos

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Estadão Conteúdos

Ao contrário do visto na semana passada, quando o Ibovespa conseguiu sustentar ganhos mesmo na contramão do exterior, nesta segunda-feira, a referência da B3 se manteve no negativo ao longo da sessão, refletindo o aumento da aversão global a risco em semana que reserva a decisão de política monetária do Fed, o BC americano, na quarta-feira. Como pano de fundo, o temor de que um conflito militar possa vir a ocorrer entre Rússia e Ucrânia, em tensão geopolítica que envolve ainda Estados Unidos e Europa ocidental.

Ainda assim, preservando até aqui ganho de 2,97% no mês, o Ibovespa limitou as perdas na reta final da sessão, marcada por virada, para o positivo, de Dow Jones (+0,29%), S&P 500 (+0,28%) e Nasdaq (+0,63%) no encerramento.

Aqui, a referência da B3 fechou em baixa de 0,92%, a 107.937,11 pontos, entre mínima de 106.624,28, menor nível intradia das últimas quatro sessões, com perda então de cerca de 2%, e máxima de 108.948,16, quase idêntica à abertura aos 108.941,15 pontos.

O giro financeiro foi de R$ 35,1 bilhões, em dia no qual as perdas em Nova York chegaram a superar, durante a sessão, 4% (Nasdaq) e o petróleo teve ajuste negativo em torno de 2%.

Na Europa, o Stoxx 50 registrou queda superior a 4%, refletindo não apenas a expectativa pelo Federal Reserve e a tensão geopolítica, mas também os índices de atividade (PMI) da zona do euro e do Reino Unido, piores do que o esperado, observa em nota a equipe de Research e Estratégia da Terra Investimentos.

Em desdobramento negativo para a percepção de risco sobre a evolução dos eventos no leste europeu, o governo americano determinou que famílias e parte dos diplomatas em Kiev, capital da Ucrânia, deixem o país devido à persistente ameaça de intervenção militar russa, acrescenta a Terra.

“Na semana passada, os índices americanos tiveram seu pior desempenho desde março de 2020, no início da pandemia, com perda de 5,7% considerando apenas o S&P 500”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. “A preocupação quanto a juros mais altos nos Estados Unidos vem num momento em que os resultados trimestrais de diversos setores não vieram a contento”, acrescenta.

Esta semana, contudo, concentra parte relevante dos resultados trimestrais a serem anunciados nos Estados Unidos, com destaque para nomes de elevada capitalização de mercado, como Microsoft, na terça, Tesla, na quarta-feira, e Apple, na quinta, observam em relatório a estrategista de ações Jennie Li e os analistas internacionais Vinicius Araujo e Rafael Nobre, da XP.

Segundo eles, “64 empresas do S&P 500 divulgaram (resultados) e 78% delas vieram com lucros acima das expectativas, semelhante à temporada do 3º trimestre de 2021”.

No entanto, alguns nomes e segmentos relevantes decepcionaram. “Além dessa pressão sobre a política monetária, também teve a divulgação dos bancos. Dos números do último trimestre, os bancos vieram pior do que no ano anterior, e também afetaram o mercado”, aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, acrescentando entre as surpresas negativas a Netflix, na última sexta, quando fechou em queda de 22%, com números abaixo do esperado e projeção de desaceleração do crescimento.

Assim, desde o último dia 5, quando foi divulgada a ata da mais recente reunião do Federal Reserve, os índices de Nova York, que vinham de máximas históricas, entraram numa espiral negativa, que afetou com maior intensidade o segmento de tecnologia, concentrado na Nasdaq. Na contramão do exterior, o Ibovespa, muito descontado ao longo de 2021, aproveitou o fluxo externo em busca de descontos para tirar parte do atraso. A extensão desse movimento de recuperação na B3, porém, é fator de dúvida em ano eleitoral, normalmente volátil.

“Na quarta, teremos visão clara do que acontecerá em março, teremos a reunião do Fomc (o comitê de política monetária do Fed). A expectativa do mercado é de que não tenha mudança, mas que eles deixarão claro o início do ciclo de alta (de juros)”, diz Antonio Carlos Pedrolin, líder de mesa de renda variável da Blue3.

“Aqui no Brasil, o destaque é o Orçamento sancionado por Bolsonaro. O que gera tensão: foi mantido o R$ 1,7 bilhão de reajuste para servidores, podendo se refletir nas curvas de juros. Lembrando também que na sexta os juros tiveram estresse por conta da (discussão de) PEC pra conter a alta dos combustíveis”, acrescenta Pedrolin, observando que apesar de itens como IPCA-15, na quarta, Caged, na quinta, e IGP-M, na sexta, a agenda lá fora tende a dar o ‘drive’ para o mercado local ao longo desta semana.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Pão de Açúcar (+7,44%), Marfrig (+4,68%), Braskem (+3,63%), BRF (+3,39%) e Usiminas (+2,40%) Na face negativa, Magazine Luiza (-7,39%), Banco Inter (Unit -7,28%), Banco Pan (-5,88%), IRB (-5,39%), Alpargatas (-5,30%) e Locaweb (-5,11%). Entre as blue chips, o desempenho foi misto no fechamento, com Petrobras (ON +0,17%, PN +0,57%) oscilando para o positivo no fechamento e Vale ON (-1,22%) ainda no negativo. Os grandes bancos também não mostravam sinal único no encerramento, entre os quais Bradesco (PN +2,11%) e Itaú (PN -0,13%).