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Ibovespa sobe 1,66%, aos 114,6 mil pontos, de olho no EUA

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Mesmo que a “Carta para o Brasil do Amanhã” do Candidato ao 3° mandato petista a presidência tenha sido genêrico, na visão de especialistas, o Ibovespa se viu forte devido a resultados do mercado internacional.

Entre 16h42 e 16h43, passou de máxima do dia então renovada aos 115.045,79, para 115.606,78 e, logo depois, 116.235,76 pontos, em alta de 3,08% no pico do dia, no apertado espaço aproximado de 60 segundos. No fechamento, o Ibovespa mostrava ganho semelhante ao observado antes da divulgação da carta, ao encerrar em alta de 1,66%, aos 114.640,76 pontos.

Assim, quebrou nesta quinta a série negativa de três sessões que havia revertido o rali das estatais visto na semana passada. O dia foi de recuperação bem distribuída nas ações e nos setores de maior peso no índice, à exceção de Vale (ON -3,56%), que divulgará balanço trimestral após o fechamento da sessão. O giro financeiro desta quinta-feira ficou em R$ 32,8 bilhões, com o índice da B3 entre mínima de 112.765,24, quase idêntica à abertura (112.765,63), e a máxima de 116.235,76 pontos, perto do fechamento. Na semana, o Ibovespa ainda cede 4,41%, limitando o ganho do mês a 4,18% – no ano, sobe 9,37%.

Mercado Internacional

Em Nova York, a decepção suscitada por resultados de ‘big techs’ divulgados nesta semana resultou em giro das carteiras em direção às chamadas ações de valor, associadas à economia tradicional e concentradas no blue chip Dow Jones, que fechou nesta quinta em alta de 0,61%, moderada em direção ao fechamento – negativo para o índice amplo, o S&P 500, que cedeu nesta quinta exatamente 0,61%. Por sua vez, o tecnológico Nasdaq caiu 1,63%. Divulgada pela manhã, a primeira leitura sobre o PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre ficou acima do consenso, sugerindo que a elevação dos juros pelo Federal Reserve não tem restringido a economia a ponto de lançá-la em recessão.

Em meio ao processo de elevação dos custos de crédito no país, a resiliência mostrada pela atividade econômica nos Estados Unidos vem em momento no qual os rendimentos dos Treasuries mostram moderação, após terem assustado recentemente os mercados globais com a escalada dos juros longos, de 10 anos, acima da marca de 4%. Para dezembro, o mercado tem se posicionado recentemente para uma desaceleração do ritmo de alta da taxa de referência do BC americano, os Fed funds, a meio ponto porcentual na última deliberação sobre os juros no ano.

“É cedo para dizer: ainda há muitas leituras de dados a serem acompanhadas pelo Fed antes de decidir por uma recalibragem ou sobre até onde irá com os juros, onde o ciclo terminará. Com o rendimento da T-note de 10 anos abaixo de 4%, vê-se agora alguma acomodação nos Treasuries. Mas vale lembrar que, além de muitos dados ainda por vir, a tradição do Fed é mais pelo ‘oversight’ eventual excesso de zelo do que por deixar de agir quando a situação exige, contra a inflação”, diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

A dúvida sobre a extensão e o grau de elevação dos juros de referência nos Estados Unidos se combina a um momento menos propício para commodities como o minério de ferro, a que a B3 tem grande exposição – a exceção parece ser o petróleo, que mostra recuperação. A concentração de poder observada na renovação do mandato de Xi Jinping na China, em momento no qual a segunda maior economia se acomoda a um ritmo de crescimento bem inferior ao que acostumou o planeta nas últimas décadas, é outro dado que passa a ser observado de perto pelos investidores globais, atentos também a fraturas geopolíticas que voltam a dividir o mundo entre Ocidente e Oriente, o que envolve também a Rússia.

Se o cenário externo é desafiador, o doméstico será pautado no curto prazo pelas escolhas e pelo comportamento de quem sair vitorioso – ou no caso oposto, derrotado – da eleição do domingo, 30. “O pior cenário possível seria um terceiro turno, uma disputa prolongada após a eleição, caso haja desacordo, não aceitação dos resultados. A Bolsa ainda está barata, mas sofreria numa situação como essa”, diz Henrique Tavares, analista de investimentos da DVInvest. A curva de juros tende a ser mais sensível a eventual vitória do PT, pela falta de compromisso com o teto de gastos: o risco fiscal, nesse caso, contribui para um “juro estrutural mais alto”, acrescenta o analista, a menos que venha uma definição rápida de quem ocupará o Ministério da Fazenda, e o nome seja bem aceito.

A mudança de dinâmica observada na semana final da eleição – com aparente perda de fôlego na recuperação esboçada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na semana anterior – furou o kit de estatais, notadamente Petrobras e Banco do Brasil, que havia dominado a preferência do investidor até o dia de ira de Roberto Jefferson. Nesta quinta-feira, um kit de educação e consumo, setores que tenderiam a ser beneficiados em eventual novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, começou a emergir, com ações como Yduqs (+11,14%), Magazine Luiza (+7,93%) e Cogna (+6,71%) na ponta do Ibovespa na sessão, ao lado de IRB (+8,14%), Qualicorp (+7,25%) e Soma (+6,72%).

No lado oposto, destaque nesta quinta-feira para Vale (-3,56%) e Bradespar (-3,29%), antes da divulgação do balanço da mineradora, nesta noite. Petrobras (ON +0,30%, PN +0,76%) e Banco do Brasil (ON +1,26%) mostraram, ao fim, sinal mais fraco do que o observado no começo da tarde, ainda cedendo 12,58%, 12,62% e 13,63%, respectivamente, na semana – neutralizando, desde quarta, o avanço visto nessas ações na semana anterior. Entre os setores de maior peso no índice, destaque na sessão para os grandes bancos, como Bradesco (ON +1,96%), todos com ganhos acima de 1% no fechamento desta quinta-feira.