O Ibovespa tem instabilidade, alternando leve alta com moderada queda, tentando defender a marca dos 110 mil pontos da abertura (110.739,49 pontos). Contudo, há pouco subiu cerca de 0,80%, com máxima indo aos 111.344,72 pontos. Porém, apesar do sobe-e-desce, ainda sugere fechamento com ganho superior a 7% em agosto, o que, se confirmado, será o segundo mês seguido de valorização neste ano e o primeiro agosto positivo desde 2017 (alta de 7,46%). Até agora, sobe 7,43% no mês.
A falta de vigor do indicador da B3 se esbarra na indefinição das blue chips Vale e Petrobras, diante do recuo do minério de ferro e do petróleo, respectivamente.
O quadro global, que continua sendo de preocupação, em meio ao temor de recessão principalmente nos Estados Unidos, o que tem indicado juros mais elevados por mais tempo. Além disso, preocupações fiscais internas seguem no radar.
“O Ibovespa tem tido movimento lateralizado, falta um ‘trigger’ motivador. O cenário como um todo, considerando Estados Unidos, China e Europa, traz notícias que não são boas, principalmente com indicação de mais aperto monetário”, avalia José Simão, sócio da Legend Investimentos.
Outra questão que pode inibir possíveis ganhos é a aprovação pelo Senado, ontem à noite, da Medida Provisória que eleva em 1 ponto porcentual a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos, corretoras e companhias de seguro. Por ora, ações do setor financeiro têm sinais divergentes moderados.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 1,68%, aos 110.430,64 pontos. “Não deveria abandonar os 110 mil pontos, sob pena de acelerar as perdas”, alerta o economista e consultor de Finanças Álvaro Bandeira, em nota.
Nos Estados Unidos, foi divulgado dado de emprego, com criação menor do que a esperada no mercado privado em agosto. Já a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que não espera que o BC daquele país corte juros no próximo ano. As bolsas americanas sobem, enquanto as europeias cedem, após dados fortes de inflação.
No Brasil, a Pnad mostrou que a taxa de desemprego ficou em 9,1% no trimestre terminado em julho, igual à mediana das expectativas na pesquisa Projeções Broadcast e de 9,3% no período imediatamente anterior. Já a confiança empresarial subiu.
“A confiança está indo bem, sugerindo um terceiro trimestre melhor e de crescimento”, avalia em comentário matinal o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.
No curto prazo, a questão fiscal brasileira tende a gerar algum otimismo. De acordo com o Banco Central, o superávit primário de R$ 20,440 bilhões do setor público consolidado em julho foi o melhor resultado para o mês da série histórica, iniciada em dezembro de 2001.
Em meio a expectativas de mais gastos internos, Simão, da Legend, estima desaceleração na arrecadação do Brasil. Além disso, a estimativa de crescimento mundial menor traz incertezas, pontua. Segundo ele, diferentemente de outras eleições, agora o assunto não está ditando totalmente o rumo dos mercados. “Há dúvidas, mas parece que o mercado vai esperar o vencedor a para ver como o governo será conduzido. Assim, fica sem um ‘upside’ potencial de alta firme’, avalia.