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Ibovespa vira e sobe 0,04%, a 98.286 pontos, no 4º avanço seguido

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Estadão Conteúdos

Ante os ganhos que se mostravam firmes em Nova York, o Ibovespa oscilou para o positivo no começo da tarde desta quarta-feira, 20, recuperando a linha de 98 mil pontos que havia sido cedida logo na abertura da sessão, depois de ter sido retomada no fechamento de ontem pela primeira vez desde o encerramento da terça anterior. Ao fim, estendeu pelo quarto dia a moderada recuperação, hoje em leve alta de 0,04%, aos 98.286,83 pontos, entre mínima de 97.277,15 e máxima de 98.365,79, saindo de abertura aos 98.243,69. O giro ficou em R$ 22,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 1,80%, com perdas no mês a 0,26% e, no ano, a 6,23%.

Destaque negativo da sessão entre as blue chips, Vale ON encerrou o dia em queda de 2,16%, apesar de leve recuperação do minério nesta quarta-feira na China, ainda abaixo de US$ 100 por tonelada. Na B3, o desempenho das ações refletiu certa frustração do mercado quanto a dados da empresa divulgados na noite anterior. Apesar de os números sobre produção e vendas da Vale no segundo trimestre terem ficado relativamente em linha com o consenso e também com as projeções do Bank of América, foram “um pouco decepcionantes”, na avaliação do banco.

A produção de 74,1 milhões de toneladas de minério pela Vale no segundo trimestre foi 2% inferior à expectativa do Morgan Stanley. Em relação à revisão de projeções de produção para este ano, as estimativas atuais do banco estão no topo do novo guidance, de 310 a 320 milhões de toneladas, anunciado ontem pela mineradora junto com o relatório de produção e vendas entre abril e junho.

Na B3, a sessão também se mostrou ao longo da tarde negativa para outras empresas de maior peso no índice, com Petrobras ao fim sem sinal único na ON (+0,85%, máxima do dia no fechamento) e na PN (-0,03%), e perdas entre os grandes bancos que chegaram a 1,61% (Bradesco ON) no fechamento – exceção para BB ON (+0,03%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Weg (-3,60%), Hypera (-3,19%), Raia Drogasil (-2,87%), Vale (-2,16%) e Suzano (-2,07%). Na ponta oposta, Locaweb (+15,54%), Via (+12,99%) e Magazine Luiza (+10,04%). “Os setores de varejo e tecnologia se valorizaram com recuo dos juros futuros (nesta quarta-feira)”, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

O BTG Pactual espera que a Locaweb apresente resultados sólidos no segundo trimestre de 2022. Em relatório, o banco projeta recuperação de margens e faturamento de R$ 280 milhões, alta de “impressionantes” 52% ante o mesmo período do ano passado. O movimento deve ter impulso de M&As (fusões e aquisições) e em forte expansão orgânica no negócio de comércio.

Para além do noticiário relativo a empresas e setores, o cenário macro, aqui e no exterior, continua a suscitar cautela entre os investidores. “De modo geral, os indicadores de sentimento do mercado têm se tornado cada vez mais negativos, dado um possível cenário de recessão à frente”, observa Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

“O posicionamento médio está tão a favor de um movimento de queda do mercado no curto prazo, que quem se posiciona comprado no mercado de ações já pode se considerar uma pessoa corajosa. O que pode ser bom para o otimista e para quem pensa no longo prazo, imaginando o momento em que o mercado voltará a subir”, acrescenta o analista. “Ainda são esperados mais dias de mercado agitado. Conforme a temporada de resultados e indicadores macro apresentem novas informações sobre a economia, as bolsas devem continuar respondendo com volatilidade.”

“A grande ajuda de ontem para o Ibovespa subir e voltar aos 98 mil pontos foi o exterior, com as commodities, e os resultados de empresas americanas que puxaram Nova York para cima. Por outro lado, o juro longo do Brasil foi ontem ao maior nível desde 2016, um dado ruim”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “Hoje, a agenda de dados esteve bem esvaziada e a grande expectativa se volta, amanhã, para a decisão do Banco Central Europeu, de que se espera o fim da longa era de juros nominais negativos na zona do euro, que retrocede à crise de 2012.”