O resultado de dezembro ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam de uma queda de 0,91% a uma alta de 0,15%, mas o recuo veio menos intenso do que a mediana das estimativas, de 0,25%. Já o resultado fechado de 2021 ficou acima da mediana das projeções coletadas, uma alta de 17,18%, obtida do intervalo de 16,39% a 17,65%.
Quanto aos três indicadores que compõem o IGP-10, em dezembro, os preços no atacado medidos pelo IPA-10 tiveram queda de 0,51%, ante uma alta de 1,31% em novembro. Os preços ao consumidor verificados pelo IPC-10 apresentaram aumento de 1,08% em dezembro, após o avanço de 0,79% em novembro. Já o INCC-10, que mede os preços da construção civil, teve alta de 0,54% em dezembro, depois de subir 0,95% em novembro.
O período de coleta de preços para o indicador de novembro foi do dia 11 de novembro a 10 deste mês.
‘Vilões’ em 2021
A seca e as geadas de meados do ano e a elevação das cotações internacionais do petróleo fizeram dos preços da cana-de-açúcar, do café em grão e do óleo diesel os vilões da inflação no atacado em 2021, conforme os dados do IGP-10 de dezembro. O IGP-10 é o primeiro dos IGPs da FGV a ter dados fechados para o ano.
A alta de 17,30% em 2021, abaixo dos 24,16% de 2020, foi puxada pelo IPA-10, que mede os preços do atacado e fechou o ano com alta de 19,72%. “Entre os itens que mais desafiaram a inflação ao produtor estão produtos cujas safras foram afetadas pela seca (cana-de-açúcar 57,55%), pelas geadas (café em grão 148,05%) e pelos avanços do preço do petróleo (diesel 82,82%)”, diz a nota divulgada pela FGV.
O quadro só não foi pior porque o ano acabou fechando com queda nas cotações de outras “commodities”. Os preços do minério de ferro (-24,27%), do farelo de soja (-15,49%) e do arroz em casca (-36,85%), todos no atacado, fecharam 2021 com deflação.
Embora tenham sido vilões em 2021, os preços dos combustíveis mostraram alguma sinal de arrefecimento no atacado. O avanço no subgrupo “combustíveis para o consumo” passou de 8,48% em novembro para 2,69% em dezembro. Também houve alívio no minério de ferro (1,23% para -19,28%), soja em grão (-1,39% para -3,41%) e aves (-0,03% para -4,95%).
Apesar da desaceleração na alta dos preços de combustíveis no atacado em dezembro, seguiram pressionando a inflação ao consumidor. Na taxa de 1,08% no IPC-10 de dezembro, três das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação: Educação, Leitura e Recreação (0,05% para 2,61%), Habitação (0,36% para 0,77%) e Transportes (2,17% para 2,49%). A gasolina subiu 5,50% este mês, após 5,09% antes. A conta de luz também pesou mais, com elevação de 1,86%, ante 0,06% em novembro.
Na contramão, houve alívio em cinco das oito classes de despesa, incluindo nos preços de alimentos. Arrefeceram os grupos Alimentação (0,81% para 0,59%), Vestuário (0,87% para 0,19%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,29% para 0,12%), Comunicação (0,33% para 0,08%) e Despesas Diversas (0,27% para 0,16%) com decréscimo em suas taxas de variação. Hortaliças e legumes arrefeceram de 11,38% em novembro para 1,20% em dezembro.
IPAs
Os preços agropecuários mensurados pelo IPA agrícola caíram 0,11% no atacado em dezembro, após uma queda de 1,56% em novembro, dentro do IGP-10. Já os preços dos produtos industriais – medidos pelo IPA Industrial – tiveram queda de 0,67% este mês, depois da alta de 2,53% no atacado em novembro.
Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais tiveram alta de 1,29% em dezembro (elevação de 1,29% também em novembro).
Os preços dos bens intermediários subiram 0,42% em dezembro, após alta de 3,71% no mês anterior. Já os preços das matérias-primas brutas caíram 3,78% em dezembro, depois da queda de 0,98% em novembro.