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Juros caem com ajustes técnicos, leilão e dados econômicos aquém do esperado

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros terminaram a quinta-feira, 6, em queda nos vértices curtos e estáveis na ponta longa, numa sessão marcada, em boa medida, por fatores técnicos relacionados à esticada dos prêmios nos últimos dias e ao primeiro leilão de títulos prefixados do Tesouro em 2022, com estreia em grande estilo da Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) 1/1/2033. Além do movimento de correção, a produção industrial e o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) abaixo do consenso contribuíram para o alívio das taxas, apesar do recado claro da ata do Federal Reserve na quarta-feira de que pode antecipar e reforçar a alta de juros nos Estados Unidos, e das incertezas fiscais por aqui.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar abaixo de 12%, a 11,96% (regular) e 11,97% (estendida), de 12,057% no ajuste anterior, a do DI para janeiro de 2025 terminou em 11,33% (regular) e 11,325% (estendida), de 11,303% no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 passou de 11,212% para 11,225% (regular) e 11,215% (estendida).

Pela manhã, a ponta curta operava em baixa em reação à agenda de indicadores e a longa subia, ainda com o rescaldo do impacto da ata do Fed e a expectativa pelas portarias do Tesouro. A instituição ofertou 3,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e 2,5 milhões de NTN-F, sendo a maior parte (2 milhões) no vencimento para 2033, nova referência de dez anos entre os prefixados. Os lotes tiveram demanda integral.

Passado o leilão, as curtas ampliaram o recuo e as longas inverteram para baixo, com mínimas, mas no decorrer da tarde perderam força para encerrarem perto dos ajustes de quarta-feira. Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, considera que o pregão nesta quinta foi mais técnico. Na medida em que as taxas vinham muito pressionadas nos últimos dias, havia espaço para correção. “De manhã, o pessoal esperou o leilão e veio ok, então as taxas cederam”, explicou. “Claro que o IGP-DI e a PIM ajudam, mas não foram drivers”, completou.

A produção industrial de novembro recuou 0,2% ante outubro, na ponta oposta do que apontava a mediana positiva de 0,2%, enquanto o IGP-DI de dezembro subiu 1,25%, ante mediana das previsões de 1,54%.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, não considera o resultado da indústria uma decepção, por estar em linha com o que já vinham mostrando os números anteriores. Mas como os prêmios da curva já estavam bastante inflados, o dado acaba servindo de argumento para aparar exageros na precificação de Selic, resgatando apostas de corte da taxa básica entre o terceiro e quarto trimestres. “Então, a curva tem ficado nesse jogo de forças entre a atividade mais fraca e a piora na percepção de risco fiscal”, comentou, referindo-se às recentes preocupações com possíveis efeitos da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos sem respaldo de receita e a movimentação de servidores buscando reajuste salarial.

A mobilização dos funcionários públicos vai ganhando corpo – no Banco Central, segundo o sindicato dos trabalhadores da autarquia, quase metade dos 3.500 servidores já aderiu ao movimento. E trazendo implicações mais práticas, uma vez que centenas de caminhões estão parados na fronteira do Brasil com a Venezuela esperando a liberação pela Receita Federal.