O Fed acelerou o ritmo do tapering, reduzindo o ritmo de compra de ativos em US$ 30 bilhões, e indicou antecipação do aperto de juros nos Estados Unidos para o primeiro semestre de 2022. Manteve, como previsto, os juros na faixa de zero a 0,25%.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a 11,55% (regular) e 11,545% (estendida), de 11,479% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,462% para 10,54% (regular) e 10,495% (estendida). A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 10,39% (regular) e 10,37% (estendida), de 10,361%.
Antes do Fed, o compasso de espera pelo banco central americano que pressionou o câmbio também fez subirem as taxas futuras, mas o movimento perdeu força na última hora da sessão regular, coincidindo com a acomodação do rendimento da T-Note de dez anos em torno da estabilidade.
O comunicado indicou três altas para o juro americano em 2022, com elevação nas medianas para as taxas de 2022, 2023 e 2024. “Nenhuma grande novidade. Já era esperado que dobrassem o compasso do programa de compra de ativos e sem alteração na taxa de juros”, afirma Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. Segundo ela, também já estava nas contas a antecipação do fim do tapering para março, confirmada pelo aumento do ritmo de recompra de bônus, “abrindo espaço para alta de juro no segundo trimestre”.
Na sessão estendida, as taxas chegaram a ampliar levemente o avanço, mas depois inverteram o sinal na medida que se desenrolava a entrevista de Powell. “Ele foi bem parcimonioso no discurso, não adotou tom tão hawkish como o mercado estava esperando e indicou que não enxerga, pelo menos nesse momento, possibilidade de subir juros antes de acabar o programa de compra de ativos”, afirma Abdelmalack. Powell afirmou ainda que poderá haver alteração na mediana de 3 altas de juros em 2022, “se o PIB enfraquecer”.
De todo modo, o início do processo de aperto monetário nas economias centrais vai afetar em maior ou menor grau as economias emergentes, ainda que estas estejam com taxas de juros mais atrativas ao capital externo.
“A nossa visão para o ano que vem é de um mundo desafiador para emergentes”, previu o chefe de Economia no Brasil e Estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), David Beker, citando a redução da liquidez global e a desaceleração da economia mundial.