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Juros ficam perto da estabilidade com mercado monitorando cautela no exterior

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Estadão Conteúdos

Os juros terminaram a sessão regular perto da estabilidade, confirmando no fechamento o que foi a tônica da segunda-feira, alternando viés de alta e de baixa sempre ao redor dos ajustes anteriores. O ambiente externo trouxe alguma cautela para o mercado brasileiro, mas tanto juros quanto câmbio estiveram relativamente bem comportados.

Lá fora, o risco dos apertos monetários em curso deprimir a atividade global continuou penalizando ações e fortalecendo o dólar, embora no Brasil o real tenha sido protegido pela entrada de fluxo, o que ajudou a ancorar a curva, considerando que os retornos dos Treasuries subiram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,73%, estável ante o ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou em 13,15%, também a mesma taxa do ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,09%, de 12,12%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,82% para 11,83%.

Antes de se estabilizarem nesta segunda-feira, as taxas vinham de uma sequência de quatro altas, pressionadas basicamente pelo risco externo, uma vez que uma ação excessiva dos bancos centrais pode resultar em recessão nas economias principais, o que afetaria a saúde também dos emergentes. Há que se considerar ainda o movimento de baixa forte nos DIs nas primeiras semanas de agosto, que deixou o caminho livre para a recomposição dos prêmios. Mas, como a agenda desta segunda nem aqui nem no exterior trouxe gatilhos para os negócios, a trajetória altista acabou perdendo fôlego.

Os mercados lá fora continuaram tentando antecipar uma mensagem mais hawkish vinda de Jackson Hole, onde o simpósio dos banqueiros centrais começa na quinta-feira, com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, previsto para sexta.

“Hoje foi mais do mesmo: uma correção dos padrões de preços que vinham sendo praticados depois dos discursos de dirigentes do Fed terem ajustado a percepção dovish dos mercados sobre a política monetária”, resumiu o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio. Ele ressalta o desafio das autoridades monetárias em causar o menor dano possível às economias no combate à inflação. “Estão caminhando por uma linha bastante tênue”, disse.

Diante da ênfase que o Fed vem dando à necessidade de recolocar a inflação na meta de 2% e que os EUA têm condições de suportar o nível de ajuste pretendido no juro, os yields dos Treasuries avançaram. A probabilidade de aumento de 75 pontos-base nos juros básicos voltou a ser majoritária para a reunião de setembro, segundo a CME FedWatch Tool.

Não à toa, na reunião da manhã entre diretores do Banco Central e economistas, o ponto central foi cenário internacional, com os analistas destacando a perspectiva de recessão nos Estados Unidos e os seus efeitos sobre preços de commodities, além da inflação e da atividade econômica no Brasil, especialmente em 2023.

A mediana das expectativas para o IPCA do ano que vem caiu pela primeira vez no Boletim Focus desta segunda depois de 19 semanas em alta, de 5,38% para 5,33%. Mas, como segue bem acima do teto da meta de 4,75%, não teve grande impacto na curva nesta segunda-feira.