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Juros recuam com fraqueza de serviços, mas alta do dólar limita alívio

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Estadão Conteúdos

Os juros fecharam a sessão em queda nesta sexta-feira. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de setembro, surpreendendo negativamente, endossou o risco de recessão da economia mostrado na quinta-feira pelo varejo e inibiu as apostas em torno de um Copom mais agressivo na reunião de dezembro. A reação de queda das taxas foi, porém, limitada ao longo da sessão pela depreciação do câmbio, novos sinais de pressão inflacionária e cautela pré-feriado. A alta do rendimento da T-Note de dez anos também pesou. No balanço da semana, as taxas devolveram prêmios, mas a curva passou a operar com inclinação negativa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,965% (regular) e 11,95% (estendida), de 11,975% na quinta, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,795% para 11,74% (regular) e 11,68% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa em 11,64% (regular) e 11,60% (estendida), de 11,693% na quinta.

O mercado fechou a semana com boa parte das taxas abaixo de 12% e tanto as curtas quanto as longas caíram em relação aos ajustes da sexta-feira anterior. Nos últimos dias, vetores em ambas as direções atuaram sobre a curva, mas o alívio com a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara, no câmbio e os dados fracos de atividade entre a quinta e sexta parecem ter prevalecido ante o aumento do risco de antecipação de alta de juros nos Estados Unidos, que tem sustentado o rendimento dos títulos norte-americanos.

“O mercado de juros reagiu pouco aos serviços, mas vínhamos de dias de melhora. E temos também o câmbio hoje pior”, avaliou o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima.

O volume de serviços prestados em setembro caiu 0,6% ante agosto, encerrando uma sequência de cinco meses de avanço. A retração foi maior do que apontava a expectativa mas pessimista coletada pelo Projeções Broadcast, de 0,4%. O desempenho do setor, assim como o varejo, foi lido como mais uma vítima da disparada da inflação, a despeito do processo de reabertura da economia. “Esse resultado mostra que mesmo o setor de serviços, que ainda tem um pouco para surfar no retorno à normalidade, já começa a sofrer os impactos da inflação sobre o poder de compra das famílias”, disse o economista da Guide Investimentos Homero Guizzo.

Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, o Banco Central abandonou a leitura de que o choque inflacionário é temporário. “Nosso entendimento é que o Banco Central abandonou a hipótese de inflação transitória”, afirmou numa entrevista à imprensa na qual reiterou a perspectiva de retração da atividade no ano que vem como efeito da caminhada dos juros a um patamar mais contracionista.

Na curva de juros, a precificação de Selic para o Copom de dezembro era de 187 pontos-base, no meio do caminho entre alta de 1,75 e 2 pontos porcentuais, segundo cálculos da Greenbay Investimentos. Entre as opções digitais da B3, a aposta de 150 pontos-base vem crescendo, com prêmio em ascensão, enquanto o da opção de 200 pontos vem minguando.

Contato: denise.abarca@estadao.com