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Juros recuam em linha com queda do petróleo e do rendimento dos Treasuries

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Estadão Conteúdos

Petróleo e juros nos Estados Unidos em queda conduziram o mercado de DI a uma nova sessão de baixa, a sétima nos últimos oito pregões. A agitada cena política pouco fez preço no mercado nesta véspera de fim de janela partidária, uma vez que os agentes ponderam ainda as dificuldades da terceira via na corrida presidencial.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 cedeu de 12,776% na quarta-feira para 12,725% nesta quinta-feira. O janeiro 2024 foi de 12,181% a 12,055%, fechando na mínima. O janeiro 2025 recuou de 11,51% a 11,42%. E o janeiro 2027 caiu de 11,33% a 11,22%.

A notícia de que os Estados Unidos decidiram liberar nos próximos seis meses a quantidade de 1 milhão de barris por dia de petróleo de suas reservas nacionais fez com que a cotação da commodity mergulhasse – e acabou sendo o principal driver para o mercado de dívida global. O Brent para junho cedeu 6,04%, a US$ 104,71, e o WTI para maio recuou 6,99%, a US$ 100,28. A medida tem por objetivo conter a disparada do valor do barril e, por consequência, da inflação ao consumidor norte-americano.

Desta forma, o rendimento da T-Note de 10 anos passou de 2,350% na quarta a 2,329% nesta quinta, à medida que o mercado pondera que o Federal Reserve pode ser um pouco menos intenso em seu ajuste monetário nos Estados Unidos caso a cotação do petróleo se estabilize.

Aqui no Brasil, onde o Banco Central atrelou movimentos futuros ao comportamento da cotação do óleo, a baixa deu gás a mais uma sessão de queda nos juros futuros. “O mercado parece estar fazendo um ajuste fino neste momento, depois de tantas quedas recentes. Para isso, está pesando a dinâmica do mercado externo, com o fechamento de taxas nos EUA e o petróleo em queda. É um pouco da tônica dos últimos dias, em que tem havido volatilidade muito elevada nesses ativos”, afirma o estrategista-chefe e sócio do banco digital Modalmais, Felipe Sichel.

O economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, explica que a correlação entre os preços do petróleo e curva de juros tem sido potencializada desde que o Banco Central apresentou seu cenário alternativo – que considera o de maior probabilidade -, no qual a commodity tem papel de destaque. Uma das premissas para projetar a Selic em 3,1% no fim de 2023, portanto, abaixo da meta central de 3,25%, é que as cotações ao longo do ano caminhem para a marca de US$ 100 por barril. Neste sentido, se nesta quinta o petróleo ajuda, na sexta pode ser bem diferente. “A análise do BC fez com que a percepção sobre a política monetária ficasse atrelada a uma variável ultravolátil”, diz.

Sichel, do Modalmais, afirma que somente com a queda da volatilidade do petróleo é que os agentes conseguirão fazer um julgamento melhor do plano de voo do BC.

Apesar dessa incerteza adiante, o dia favorável aos ativos domésticos fez com que o Tesouro viesse nesta quinta com uma oferta bem maior no leilão de LTN, com risco para o mercado em DV01 maior do que os das duas semanas anteriores. A oferta total de LTN foi de 18 milhões, vendida integralmente, e seguiu com 450 mil de NTN-F, das quais foram vendidas 176 mil. O risco para o mercado em DV01 ficou em US$ 721,59 mil, ou 58,7% maior do que o leilão anterior e 330,9% maior em relação ao leilão da semana retrasada, de mesmos vencimentos, segundo a Renascença DTVM.